Amigos da Alcova

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Ao ver o Bilac inerme


Emílio de Menezes (1866-1918)



Ao ver o Bilac inerme
na cova, tão jururu,
foi logo gritando um verme:
“Defuntos, tapai o cu!”

Bilac esta cova encerra,
choram sacros e profanos...
Muitos anos como a terra
a quem comeu tantos ânus!

domingo, 6 de dezembro de 2015

Lábios que beijei 53


Zemaria Pinto

Amália



Um acontecimento em minha vida, Amália tinha exatos 15 anos quando a conheci – 49 a menos que eu. O banco ficara para trás, vendido a um conglomerado internacional. Tecnicamente, eu estava aposentado, mas era impossível viver com aquilo: fui dar aula. Depois de algum tempo, comecei a prestar atenção na menina de tez escura, cabelos lisos, olhos profundamente negros, lábios grossos e seios fartos. Ao contrário da imensa maioria, ela prestava atenção à aula – empreendedorismo, uma novidade na época –, fazia perguntas e sorria sempre. Até o final do ano escolar, nos encontramos apenas no colégio, como professor e aluna. Acompanhava a transformação de seu corpo: ficou mais alta e o que já era farto explodiu em beleza, incluindo a bunda, que antes não se destacava. Nas férias, surpreendi-me com um telefonema dela, para minha casa. As ligações passaram a ser rotineiras, sempre depois das onze da noite. De ordinário, entre gemidos e sussurros, nos masturbávamos, mas ela se recusava a um encontro. Com a volta às aulas, encontrei-a ainda mais bela e desejável. Era perturbador ficar a tão pouca distância dela, tocá-la, às vezes, sentir seu hálito quente. Meu pau intumescia-se, sem que eu pudesse controlá-lo. Foram mais seis meses de angustiante espera, até que no dia de seu aniversário de 17 anos ela murmurou-me ao ouvido: vou me dar você de presente. Amália fez tudo o que fantasiávamos ao telefone, mas não permitiu a penetração vaginal: estava noiva e fazia parte de um grupo, “Eu espero”, cuja principal bandeira era casar com o hímen intacto. Sexo oral e anal não contavam para os hipócritas. Ao longo de mais de um ano, lambuzei-me naquele oásis de luxúria. Amália tinha a sensualidade à flor da pele: gozava até quando eu chupava seus seios. Uma posição que ela gostava era, eu de bruços, ficar por cima de mim e me enrabar – com o clitóris. Ela gozava várias vezes assim – e quando cansava ficava de bruços para eu lamber o cu mais lindo que eu tive ao alcance dos meus olhos: as bordas roxas, lisas, sempre relaxado, pronto para receber meu pau, o que acontecia após uma sequência de orgasmos – de quatro, ela ordenava, mete no meu cu, paizinho! E gozava mais e mais. Quando eu conseguia conter o gozo, esporrava em sua boca, e ela, voraz, engolia todo o meu sêmen. Numa tarde chuvosa de dezembro, Amália comunicou-me seu casamento em três dias. Foi nosso último encontro. A lembrança de Amália, quase 20 anos passados, me tortura. Quando o telefone toca, atendo sempre na esperança de ouvir sua voz menina, seus gemidos, seus sussurros, seu gozo infinito.

(Para ler outros contos desta série, clique em Lábios que beijei)

sábado, 21 de novembro de 2015

Temperatura


Guimarães Passos (1867-1909)


Mais macambúzio que aflito,
Mais intrigado que triste,
Sai de casa o Benedito,
Anda, volta e não resiste.

Entra feito, como um fuso,
Num consultório: “Doutor,
Desculpe-me... estou confuso,
Mas faça sempre o favor,

Explique-me esse mistério:
Eu sou casado há trinta anos;
Sou homem, como vê, sério,
Mas tem a vida uns enganos...

Minha mulher é supimpa,
Muito meiga, muito boa,
Muito dócil, muito limpa.
E é dessas que não têm proa.

Quando eu a vejo de frente
Até me parece fria,
Mas é mais que o inferno quente
Quando de costas me espia...

Pela frente é uma geleira,
Até maleitas me faz,
E é como uma frigideira
Dentro do fogo, por trás”.

O doutor olha-o, sereno,
Mas a explicar não se anima
Como em tão curto terreno,
É tão diferente o clima.

domingo, 8 de novembro de 2015

Bálsamos


Nelson Ascher


Embora eu sôfrego mordisque
nem tão de leve o teu mamilo
vermelho a ponto de induzi-lo
à rigidez que lhe condiz –

querendo ainda mais, tranquilo
não ficarei sem que petisque
in loco os bálsamos sutis que
procedem – úmido sigilo –

da contração de internas dobras
que (enquanto delas se avizinha
meu hálito) afinal desdobras

para que se entredigam sábios
tudo que sabem sobre minha
língua teus dois pares de lábios.

domingo, 25 de outubro de 2015

Sensual


Gilka Machado (1893-1980)



Quando, longe de ti, solitária, medito
neste afeto pagão que envergonhada oculto,
vem-me às narinas, logo, o perfume esquisito
que o teu corpo desprende e há no teu próprio vulto.

A febril confissão deste afeto infinito
há muito que, medrosa, em meus lábios sepulto;
pois teu lascivo olhar em mim pregado, fito,
à minha castidade é como que um insulto.

Se acaso te achas longe, a colossal barreira
dos protestos que, outrora, eu fizera a mim mesma
de orgulhosa virtude, erige-se altaneira.

Mas, se estás ao meu lado, a barreira desaba,
e sinto da volúpia a ascosa e fria lesma
minha carne poluir com repugnante baba...

domingo, 11 de outubro de 2015

Pombas e frutas


Múcio Teixeira (1857-1928)


Vem-se a primeira moça, envergonhada,
Vem-se outra mais, mais outra... enfim dezenas
De cabaços se vão, vindo-se apenas
Sentem na vulva a rija caralhada.

E à noite, quando a porra envernizada
Deixa em brasas a crica das morenas,
Roçam pelos colhões, quais leves penas,
Os fios dos pentelhos em revoada.

As bimbas no prepúcio se abotoam;
Os beiços pelos seios roçam, voam,
Como voam as pombas nos pombais...

Os que fodem demais, ficam fodidos;
Mas, se a foda nos deixa sem sentidos,
Tome sentido o que foder demais.

sábado, 26 de setembro de 2015

Abisag


Raul Bopp (1898-1991)


Meu corpo é teu, senhor. Queres beijá-lo?
Por que colheste, no horto em que eu vivia,
meu corpo em flor de tâmara macia,
sem teres forças para machucá-lo?

Na excitação de um lúbrico intervalo,
sinto ânsia de amor na boca fria.
Senhor, não vens? Ai, como eu te amaria
nesse mesmo tapete em que eu resvalo.

Dói-me um desejo nessa estranha boda:
O ardor de ter num desvairado instante
alguém que possa machucar-me toda.

Os meus braços vazios já estão cansados.
Senhor, não queres o meu corpo arfante
que tem sabor de todos os pecados?


domingo, 13 de setembro de 2015

Poema para a nudez de Ítala Nandi



Joaquim Cardozo (1897-1978)

O ato sexual, na teoria dos mecanismos,
é um conjugado de prismas.

Ítala Nandi despiu-se,
Tirou suas roupas desnecessárias
E não conseguiu ficar nua:
Sua bunda, seus seios minúsculos, sua babaca pequenina,
São as mesmas da primeira nudez em que nasceu.

Apenas ficou mais lisa
Apenas entrou na periferia
De um corpo nu pintado: de Cranach ou de Baldung.
– Nudez de Eva, a primeira mulher.

Ítala Nandi, porque escondeste
Por tanto tempo a todos nós
Tua santa e secreta nudez?
Tua nudez sagrada...
Nudez para ser beijada.

Com esse nu, tão assim de superfície
Todo o teu esforço no sentido da arte erótica
Onde a plateia e os atores são os mesmos,
Dás apenas o efeito tátil de pouca penetração.

Com essa primeira e indígena nudez,
Ítala Nandi, é quando te vestes
Que ficas nua.


domingo, 30 de agosto de 2015

Anêmicas


Medeiros e Albuquerque (1867-1934)


Eu abomino as pálidas donzelas,
sem sangue, sem calor, sem movimento
que aos abraços do amor perdem o alento,
nas longas noites sensuais e belas.

Quero sentir meu peito contra o peito
de alguém cheio de vida e mocidade
palpitar na gostosa ansiedade
dos loucos beijos, no perfúmeo leito.

Quero apertá-la doida... doidamente...
no momento do espasmo deleitoso
e sentir seu sangue vigoroso
palpitar sob mim, convulsamente...

Sirvam as doces virgens delicadas
– românticas beldades vaporosas –
para enfeitar as páginas mimosas
das crônicas antigas, ilustradas...

domingo, 16 de agosto de 2015

As frutas de Pernambuco


João Cabral de Melo Neto (1920-1999)



Pernambuco, tão masculino,
que agrediu tudo, de menino,

é capaz das frutas mais fêmeas
e da femeeza mais sedenta.

São ninfomaníacas, quase,
no dissolver-se, no entregar-se,

Sem nada guardar-se, de puta.
Mesmo nas ácidas, o açúcar

é tão carnal, grosso, de corpo,
de corpo para o corpo, o coito,

que mais na cama que na mesa
seria cômodo querê-las.

domingo, 2 de agosto de 2015

Poeminha de louvor ao strip-tease secular


Millôr Fernandes (1923-2012)


Eu sou do tempo em que a mulher
Mostrar o tornozelo
Era um apelo!
Depois, já rapazinho, vi as primeiras pernas
De mulher
Sem saia;
Mas foi na praia!

A moda avança
A saia sobe mais
Mostra os joelhos
Infernais!

As fazendas
Com os anos
Se fazem mais leves
E surgem figurinhas
Em roupas transparentes
Pelas ruas:
Quase nuas.
E a mania do esporte
Trouxe o short.
O short amigo
Que trouxe consigo
O maiô de duas peças.
E logo, de audácia em audácia,
A natureza ganhando terreno
Sugeriu o biquíni,
O maiô de pequeno ficando mais pequeno
Não se sabendo mais
Até onde um corpo branco
Pode ficar moreno.

Deus,
A graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!

domingo, 19 de julho de 2015

Diálogo entre um penitente freirático e um confessor casmurro


António Lobo de Carvalho (1730-1787)



A um fradalhão bojudo e rabugento
Seus crimes confessava um desgraçado,
E entre eles dizia ter pecado
Com uma santa freira num convento.

Grita o frade: Não tardam num momento
Raios mil, que subvertam tal malvado;
Que as esposas de Cristo há profanado
No santo asilo seu, sacro aposento!

Ora diga, infeliz, como ousaria
Tal crime confessar, e ações tão brutas
A Jesus Cristo, lá no extremo dia?...

Padre, deixemos pois essas disputas;
Se ele me perguntasse, eu lhe diria:
Quem vos manda, Senhor, casar com putas?


domingo, 28 de junho de 2015

Definição de uma freira



Antonio Barbosa Bacelar (1610-1663)


A freira é sanguessuga chupadora,
vário camaleão na cor incerto,
que toma a cor da cor que está mais perto;
só dá cor da vergonha se não cora.

Igual ave em gaiola enganadora,
que as néscias aves traz ao lado incerto,
pescadora sagaz que dá, aberto,
o anzol com a minhoca enganadora:

Comísero amante, aranha triste,
que o laço em que se enforca urdir pretende,
Tântalo que não bebe e na água assiste;

Sirgo que a sepultura a si fabrica,
abelha que o ferrão pregar intende,
morre só por picar, morre se pica.

domingo, 14 de junho de 2015

Soneto CLXXXI


António Lobo de Carvalho (1730-1787)


Que és puta provarei, minha Terência,
Puta, e mais puta do que as mesmas putas;
Tu és freira, e aqueloutras, bem que inuptas,
Sequer voto não têm de continência:

Se elas para mil fodas têm potência,
Tu em cem mil punhetas as comutas;
Tu com o frade na grade em seco lutas,
És putíssima tu, por consequência.

Putíssima! Ainda mais; muito bem podes
Levar de reputíssima o letreiro;
Replicas? É melhor que te acomodes.

Elas levam a porra do brejeiro,
Do negro, do lacaio, e tu? – tu fodes
Com o retrato da porra um dia inteiro.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Lábios que beijei 47


Zemaria Pinto
Rogélia


Casada com um colega do banco, com quem me dava muito bem, apesar do pudor de chamá-lo de amigo, Rogélia era de uma beleza difícil de descrever: a pele achocolatada, os cabelos castanhos muito claros, os olhos profundamente azuis – e um corpo esculpido com requintes de perfeição. Certa manhã, toca o telefone e ela pergunta pelo marido, que se sentava à minha frente, no lado oposto da sala. Ele estava lá, mas ela queria falar mesmo era comigo, queria encontrar-se comigo, longe da paisagem cotidiana. Marcamos para o final da tarde, no balneário do Parque 10, cujo bar funcionava a partir de quinta-feira. Ela estava com um véu sobre a cabeça e óculos escuros, mas era impossível disfarçar aquele corpo monumental, sem par em toda a cidade. No bar, pouco mais de 18 horas, apenas dois casais, muito provavelmente, clandestinos também. Rogélia soubera que o marido andava de caso com uma estudante do Pedro II – e queria vingança. Mas por que eu? – Porque ele não gosta de você; acha que ele, por inúmeras razões, deveria ocupar o seu lugar no banco; e por muito tempo ele me pintou você como um sedutor irresponsável, um moleque; agora, eu quero que você me seduza... Àquela mulher tão linda, era quase impossível dizer não. Tentei argumentar, mas ela me sufocou com um beijo, o hálito quente, um gosto de framboesa. Entramos no carro e ela foi logo desabotoando minha braguilha e, com muita destreza, chupando meu pau. Entrei em um ramal que eu já conhecia de outras investidas. Mas ela não queria só sexo. Queria humilhar o marido. Passou para o banco de trás do Comodoro e ficou de quatro, com a porta aberta, e eu pude penetrar a sua boceta: ela uivava como uma loba, um gozo cheio de melancolia. Depois, ela desceu do carro e, ainda de costas, ofereceu-me a bunda e eu penetrei-a com força. – Me fode, cachorrão! Me fode! Não sei quanto tempo ficamos ali. Depois que gozei a terceira vez e já perdera o interesse, ela continuava querendo mais. Uma tímida lua crescente iluminava o estreito caminho de barro. Rogélia, que tinha sangue nórdico e guarani, voltou para o sul. O marido desapareceu no abismo do seu encalço. A mim ficou-me apenas a lembrança de uma lua pálida e de uma loba triste.  

(Para ler outros contos desta série, veja Lábios que beijei)

terça-feira, 19 de maio de 2015

Se Pica-flor me chamais


Gregório de Matos (1633-1696)                                                         

                                                                A uma outra freira que, satirizando a delgada fisionomia do poeta, lhe chamou Pica-flor.

Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-flor.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Mulheres com seios de polpa madura


António Leitão


Mulheres com seios
de polpa madura:
são carne, são leite,
primeira fartura?

Quem chupa morangos
mordendo mamilos
tem lebres nos olhos,
nos dedos esquilos.

(...)

Mulheres de carne,
mulheres de plástico,
mulheres de cera,
de gesso, de elástico,

mulheres vividas,
deitadas, de joelhos,
dançando, chorando,
comendo os espelhos

quebrados na pedra
da rua que é nua,
mulheres de pedra
doiradas de lua,

mulheres de sonho,
fronteiras-quimera,
mulheres-pureza

de haver primavera.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Allegro


Nei Leandro de Castro


Deixa crescer os pelos
do teu sovaco, amada.
Quero vê-los encachoeirados
recendendo a mar, a limonada
travo de coisa doce e amarga.
Quero vê-los saindo, com cheiro de sargaço,
dos dois esconderijos que trazes
no final dos braços.
Pensaste um dia nisso? Pensa.
Deixa que os pelos do teu sovaco
cresçam sem cortes, espontâneos,
alastrando-se numa mancha preta
como de resto crescem
os pelos de tua boceta.

quinta-feira, 5 de março de 2015

O “adeus” de Teresa


Castro Alves (1847–1871)



A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co'a fala...

E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa...

E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”

Passaram tempos... sec'los de delírio
Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
...Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei!... descansa!...”
Ela, chorando mais que uma criança,

Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”

Quando voltei... era o palácio em festa!...
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!

Foi a última vez que eu vi Teresa!...

E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”


sábado, 14 de fevereiro de 2015

Quem deu à Pomba feitiços?


Gregório de Matos (1633-1696)


Apaixonado por Catona (É parda de tal talento / que a mais branca, e a mais bela, / deseja trocar com ela / a cor pelo entendimento.), mas esta não lhe faz nenhum caso; o poeta a desanca com estes epílogos.


Quem deu à Pomba feitiços?.....................................................Mestiços
E quais são os seus objetos?......................................................Pretos
Quais deles lhe são mais gratos?...............................................Mulatos.

                                        É logo de cães e gatos
a Pemba por seu desdouro,
pois lhe vão somente ao couro
Mestiços, Pretos, Mulatos.

Que são da testa as carcomas?...................................................Gomas
Ela diz, que são vertiges............................................................Impiges
E lá dentro das alcobas?............................................................Boubas.

                                        Bem merece um par de sobas,
pois com quantos se pespega,
cada qual deles lhe pega
Gomas, Impiges e Boubas.

Ela é bandarra e airosa..............................................................Gulosa
Mas é linda sem disputa............................................................Puta
Nenhuma parte a abona?...........................................................Mijona.

                                        Dai vós ao demo a putona,
a quem o mesmo diabo
lhe chama por menoscabo
Gulosa, Puta, Mijona.

Quem a leva ao Quicauabo?......................................................o Diabo
Lá tem o amigo Vinagre............................................................Bagre
E quem lhe leva o balaio?..........................................................o Cambaio.

                                        Por isso vai como um raio
uma légua caminhando,
porque a vão acompanhando
Diabo, Bagre, Cambaio.

Quem lhe despeja o alforje?......................................................o Jorge
Outro há, com quem mais me aturdo.........................................Surdo
E outro mais de quando em quando...........................................o Quibando.

                                        Não vi putão mais nefando,
pois todos seus sarambeques
vai fazer com três moleques
o Jorge, o Surdo, o Quibando.

Que lhe dão tão fracas linhas?...................................................Sardinhas
Nenhuma coisa mais quis?.........................................................Siris
Por tão pouco tantas bulhas?......................................................Agulhas.

                                        Eu creio que isto são pulhas,
que negra de entendimento
não toma por pagamento
Sardinhas, Siris e Agulhas.

Ela tem Jorge escolhido.............................................................Por marido
E demais o quer com figo..........................................................Por amigo
Ele diz que há de ser forro.........................................................Por cachorro.

                                        Eu de ouvir isto me morro,
pois ela o negrinho quer
para o mesmo tempo ser
Marido, Amigo e Cachorro.


Voyeurs desde o Natal de 2009