Amigos da Alcova

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A história de Loirinha 9

Marco Adolfs


...O deputado então fechou o punho; e, como um falo gigantesco e imperfeito, começou a meter-lhe vagina adentro. A princípio Loirinha soltou apenas uns gemidos; logo abafados pela outra mão do deputado. E o braço do homem, entrando todinho. Apenas lubrificado pelo suor. Uma dor dilacerante parecia irradiar-se por todo o seu corpo. Loirinha pensou que iria morrer com aquilo. O sangue começou a escorrer pelas paredes uterinas. Gemendo e tentando se desvencilhar, Loirinha desmaiou.
Quando acordou, estava em uma clínica médica desconhecida.
– Sua cavidade vaginal sofreu uma lesão, com rompimentos de vasos sanguíneos generalizados – disse-lhe o médico.
Loirinha ficou então internada o tempo necessário para a recuperação. Em sua cabeça nada parecia mais passar. No outro dia recebeu a visita do deputado acompanhado pelo seu secretário. Os dois a pressionarem para ela ficar calada sobre o acontecido; deram-lhe um pacote de dinheiro e disseram para voltar para o lugar de onde havia saído. Ao escutar aquilo, pensei, disse Loirinha “prostituta também carrega esses e outros traumas”. E tanto carregou esse que, depois, passou a andar com o maior cuidado por esses ambientes aparentemente idôneos dos poderosos. Andava também armada com um canivete. E quando algum palhaço ameaçava alguma tara esquisita, ela puxava o canivete com raiva e caía fora. Aprendeu. E se recuperou de tudo aquilo. Precisava sobreviver e continuar a sua vida.
Foi depois de uns três anos passados, desde esse acidente, que eu a conheci.
Loirinha era bonita, como eu já disse. Mas carregava um ar de tristeza no olhar. Às vezes até penso que as mulheres que sofrem muito, acabam desenvolvendo uma beleza triste e fugidia. Um olhar melancólico e de resignação que elas tentam disfarçar o quanto podem. Essas são as que mais precisam de amor. E ela sentiu um pouco disso, quando me conheceu. E, modéstia à parte, é claro, eu a fiz feliz enquanto pude.

(Continua na próxima semana...)

sábado, 24 de setembro de 2011

Balofas carnes de balofas tetas

António Botto (1902-1962)



Balofas carnes de balofas tetas

caem aos montões em duas mamas pretas

chocalhos velhos a bater na pança

e a puta dança.


Flácidas bimbas sem expressão nem graça

restos mortais de uma cusada escassa

a quem do cu só lhe ficou cagança

e a puta dança.



A ver se caça com disfarce um chato

coça na cona e vai rompendo o fato

até que o chato de morder se cansa.

e a puta dança.



Os calos velhos com sapatos novos

fazem-na andar como quem pisa ovos

pisando o par de cada vez que avança

e a puta dança.



Julga-se virgem de compridas tranças

mas se um cabrito de cornadas mansas

abre a carteira e generoso acode

a puta fode.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A história de Loirinha 8

Marco Adolfs


            Loirinha estava um pouco nervosa e sentindo frio. Tirou então as sandálias, pegou um edredom que estava na cama, enrolou-se e procurou relaxar. Logo o copo de uísque chegou, trazido por um dos garçons que serviam na festa. O tempo então passou um pouco mais naquele quarto. Quando escureceu e o barulho da festa começou a cessar progressivamente, Loirinha ficou esperando que o tal deputado subisse a qualquer momento. Quando ele abriu a porta e entrou, Loirinha percebeu que o homem mal se aguentava de pé. Ele então fez um sinal com a mão para que Loirinha o aguardasse um pouco mais; deslocou-se, cambaleante, até a suíte do quarto e depois de alguns segundos voltou carregando um saquinho transparente com um pó branco em seu interior.

            – É cocaína! Quer cheirar um pouco? – perguntou o deputado.

            – Não, obrigado – respondeu Loirinha.

            O homem então espalhou um pouco do conteúdo em uma mesinha de vidro que existia no quarto. Pegou um canudo, e, com um dos dedos pressionando uma das narinas, com a outra aspirou um pouco do pó. “É fácil então imaginar o que aconteceu”, pensei, ao escutar Loirinha falando sobre a atitude do deputado. “Num átimo sua cartilagem deve ter sentido o pó percorrendo-lhe as veias do cérebro... Um brilho intenso espocando como um flash em suas retinas. E logo aparecia um deputado alerta e vivo como nunca. O coração bombeando um sangue novo que lhe renovava os músculos retirando parte do efeito do álcool”.

            Sentindo ainda uma comichão nas narinas, o homem então desviou o olhar na direção de Loirinha, sorrindo.

            – Olá, menina!...Agora vamos ao que interessa – disse. – Tire a roupa e vá pra cama e me espere – continuou, enquanto se levantava.

            Loirinha obedeceu e, estendida na cama, ficou olhando o enorme deputado gorducho se despir. Não sentia nada. Apenas desejou que ele viesse logo e terminasse o mais rápido possível com aquilo. Mas o homem veio direto para cima dela e sapecou-lhe, para sua surpresa, uns sonoros tapas que lhe fizeram sangrar o nariz. Assustada ao extremo, Loirinha começou a lacrimejar. Não sabia o que fazer. Sentiu então o homem puxando-lhe pelas pernas e virando-a de bruços. Tudo muito rápido. Suas nádegas ficaram empinadas e ela tremia de medo.

            – Caladinha, viu! Nenhum pio senão te arrebento toda, sua vagabunda! – disse o deputado em seu ouvido.

            Loirinha ficou estática. E o deputado ainda disse:

            – Agora abre bem as pernas que eu vou lhe meter uma coisa... E eu quero que você aguente, ouviu?

(Continua na próxima semana...)

sábado, 17 de setembro de 2011

Cosmocópula

Natália Correia (1923-1993)



I



Membro a pino
dia é macho
submarino
é entre coxas
teu mergulho
vício de ostras.


II



O corpo é praia a boca é a nascente
e é na vulva que a areia é mais sedenta
poro a poro vou sendo o curso de água
da tua língua demasiada e lenta
dentes e unhas rebentam como pinhas
de carnívoras plantas te é meu ventre
abro-te as coxas e deixo-te crescer
duro e cheiroso como o aloendro.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A história de Loirinha 7

Marco Adolfs


Loirinha tinha sido contratada determinada noite, por um telefonema direto da capital. Um homem que dizia que era secretário de um político, fora o interlocutor. Decidiram preço e marcaram hora e local para um carro ir pegá-la. Ficou decidido também que ela iria direto para a fazenda do deputado. Era aniversário do homem e ele estava promovendo uma festa lá. Loirinha arrumou suas coisas e esperou. Quando o carro chegou, fizeram sinal de longe. Parecia que tudo estava certo dentro do carro. Com ela, e mais cinco meninas desconhecidas. Quando Loirinha chegou na tal Fazenda, a festa rolava com muito uísque e churrasco. Não é preciso dizer que muitos políticos conhecidos, e sozinhos, estavam presentes. Loirinha era bem informada sobre essa gente. E muitos também já a conheciam.

Muitos sorrisos e gargalhadas, enquanto ela era apresentada discretamente ao deputado. Bêbado, o político babava e espumava em sua gordura.

– Este é o deputado – disse-lhe o secretário, apresentando-a. O deputado a fitou de cima a baixo e ordenou ao secretário para levá-la para o quarto, mantendo-a lá. Ele subiria, disse em seguida, assim que os convidados saíssem.

– Nessa época você passou pela cama de muitos políticos, não? – perguntei curioso e cortando um pouco o relato.

– E quase todos eram advogados também – comentou Loirinha, com um sorriso irônico no rosto. – Os políticos, em sua grande maioria, são pessoas muito carentes e doentes de paixão – continuou Loirinha.

– Como assim? – perguntei.

– Eles estão sempre querendo demonstrar poder e comportam-se, na maior parte das vezes, como meninos imaturos ou doentes perigosos.

Por um momento pensei, pelo que já conhecia do meio, que ela tinha toda a razão.

Loirinha então foi levada para o quarto da casa de campo do deputado. Um quarto amplo e decorado com certo requinte. No centro, via-se uma enorme e vistosa cama redonda. Igual às dos motéis, percebeu Loirinha. Com todos aqueles controles de som e imagem ao alcance da mão. O secretário ligou o ar-condicionado e a televisão, e disse para ela esperar ali. Antes de sair perguntou se ela desejava beber alguma coisa. Loirinha pediu um copo de uísque com gelo.

(Continua na próxima semana...)

sábado, 10 de setembro de 2011

Epigrama

Filinto Elísio (1734-1819)

Queixou-se uma noviça ao pai honrado
que da ordem um tafulão
lhe tinha quase à força escarapelado
o virgíneo botão:
“Gritaste ao menos contra o agressor,
misérrima tolinha?” –
(Exclama o ginja, já todo em furor).
“Não, meu pai, não convinha
(lhe torna a triste) que era pior mal;
sendo alta noite, tempo mui perigoso
de incomodar o meu provincial,
que com a abadessa estava no seu gozo.”


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A história de Loirinha 6

Marco Adolfs

Quando chegou na sua casa, à noite – depois de se limpar e pegar uma roupa emprestada na casa de uma amiga –, encontrou seu padrasto na porta da casa e com um cinturão enrolado no braço.
– Onde você estava até essa hora? – perguntou.
Loirinha apenas respondeu que tinha ido a um baile funk com um amigo. Mas naquela noite ela ainda apanhou muito do seu padrasto, sendo chamada de vagabunda e muito mais. E como lhes disse algumas linhas atrás, a história da vida de Loirinha sempre me impressionou bastante. Ainda mais, depois que fiquei sabendo dessa curra que ela sofreu quando tinha de doze para treze anos de idade. Todavia, Loirinha, após esse incidente, em vez de ficar fraca, se fortaleceu um pouco mais para a vida que iria levar. Aprendeu principalmente duas coisas fundamentais para a sua vida: a nunca confiar nos homens e a aguentar as suas picas duras onde quer que eles lhe metessem.

Depois disso e de mais algumas coisas, Loirinha cresceu um pouco mais; saiu para as ruas e ganhou muito dinheiro. Ganhou tanto dinheiro “mexendo a bundinha” que conseguiu até alugar um bom apartamento no centro da cidade. Foi quando a conheci. Deveria ter uns vinte e poucos anos e era uma bela prostituta. Cabelos loiros e longos; um corpo bronzeado e pernas longas e sedutoras. Não havia nenhuma marca aparente em seu corpo. Só em sua alma. Mas ela sabia disfarçar bem. Nessa época ela praticamente escolhia os homens que iria levar para a cama. De preferência homens perfumados e com dinheiro. Loirinha havia se tornado uma prostituta de luxo. Requintada até onde podia ser. E que gostava de ter, no máximo, três homens por dia. Nos fins de semana, apenas um. E bem rico. Que a levasse a restaurantes, cinemas e passeios diversos. Como um casal; embora scort-girl. Mas, mesmo vivendo assim, ela muitas vezes correu perigo com homens mal intencionados e carregando taras pré-concebidas. Sua crucificação encarnada. Ela me disse que em um determinado dia pensou até que fosse morrer nas mãos de um idiota endinheirado. O homem era mais um político. Deputado federal. Desses que só andam engravatados e com um sorriso amarelo no rosto. Tinha muito dinheiro. Dono de uma fazenda em Goiânia. Esse homem a contratara dentro de um esquema de prostituição para políticos que rolava nas barbas do Congresso. Um esquema refinado e bastante sigiloso de prostituição de luxo. Loirinha me contou tudo sobre isso. Como esses políticos – quase todos casados e figuras conhecidas da política nacional – satisfaziam seus desejos libidinosos e suas taras concebidas.

(Continua na próxima semana...)

sábado, 3 de setembro de 2011

A uma dama muito gorda

Diogo Fogaça (século XV)

                                                                                De Diogo Fogaça a uma dama muito gorda,
que se encostou a ele, e caíram ambos,
e ele disse sobre isso umas palavras

              Rifão

Que gentil feição de damas,
não sei como vo-lo diga,
que tudo é cu e mamas
e barriga.

As mamas dão pelo ventre,
o ventre pelos joelhos,
e do cu até aos artelhos
gordura sobresselente.
Arrenego de tais damas,
é forçado que o diga,
porque tudo é cu e mamas
e barriga.

Corrigiram-na mui bem,
pero foi com muita pena,
porque lhe fizeram querena
no rio de Sacavém.
Revolta de ambas as camas,
isto com muita fadiga,
porque tudo é cu e mamas
e barriga.

Corrigiram-lhe o costado,
mas a quilha ficou podre.
Remendaram-lhe com um odre
do avesso tosquiado.
E com três peles de gamas,
muita estopa de estriga,
porque tudo é cu e mamas
e barriga.

Não prestou calafetar,
porque faz água profundo,
já não há crespim no mundo
que lha pudesse vedar.
Ao diabo dou tais damas,
é forçado que o diga,
porque tudo é cu e mamas
e barriga.

               Cabo

Mas quebraram-lhe as estoras,
encostou-se sobre mim,
teve debaixo crespim
bem acerca de três horas.
Já renegava das damas,
saio com muita fadiga
debaixo de cu e mamas
e barriga.

Voyeurs desde o Natal de 2009