Amigos da Alcova

sábado, 29 de outubro de 2011

Floral

Lúcia Nobre



Das flores

A que mais amo

É a rosa vermelha

Quando a plantas

No meu sexo

E vais sorvendo

Pètala por pétala

Até chegar à derradeira

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A história de Loirinha 13

Marco Adolfs


             Retesava e largava seu corpo num espasmo que parecia ser tudo o que mais desejara na vida. O caminhoneiro percebendo que ela havia gozado em seus braços começou a arremeter com força e decisão para atingir o seu. Para ele, agindo assim, tornava-se necessário. Mexeu, resfolegou e gozou com urros espasmódicos de uma satisfação intensa. A porra começou a escorrer pelas suas veias cavernosas e a encher o útero de Loirinha. Loirinha aceitou o gozo daquele macho como se cumprisse uma missão. Quando se afastaram, finalmente satisfeitos, Loirinha sentiu o esperma escorrendo pelas suas pernas e se deliciou com aquilo também. O caminhoneiro enxugou seu pênis com um lenço e Loirinha saiu do caminhão dizendo que iria ao banheiro. Quando voltou, abraçou o pescoço do caminhoneiro, assim ficando por um bom tempo. Sentindo-se grata àquele desconhecido que lhe proporcionara o prazer e a possibilidade de um futuro. O caminhoneiro, satisfeito pela conquista, acendeu um cigarro e ficou silenciosamente pensando na vida. Lá fora as luzes dos inúmeros caminhões e carros que passavam iluminavam suas faces aliviadas.

            Os dois então resolveram descansar um pouco mais. Dormiram ali mesmo, enrolados um no outro para se protegerem do frio que havia baixado repentinamente.

              De manhã cedo retomaram a estrada. Loirinha toda sorridente; o caminhoneiro sério e calado. Andaram alguns quilômetros a mais quando, em determinado momento, o caminhoneiro começou a alisar a perna de Loirinha enquanto passava a marcha. Loirinha sentiu-se lisonjeada com aquilo. O caminhoneiro a olhava, novamente, com aqueles olhos ardentes de desejo. Loirinha percebeu que seu pau endureceu. Lá fora a estrada parecia não ter um fim. O caminhoneiro conseguiu abrir a braguilha e puxou o pênis para fora.

            – Chupe, enquanto dirijo – ordenou-lhe.

             Loirinha prontamente obedeceu. Inclinada, meio que deitada no banco, encontrou espaço para meter a boca no pau do caminhoneiro e começar a chupá-lo. Um falo que a cada chupada e lambida parecia ficar mais endurecido e vermelho.

            (Continua na próxima semana...)

sábado, 22 de outubro de 2011

Antônio Botto

Francisco Eugênio dos Santos Tavares (1913-1963)



Tenho preguiça e sono
a alma e o corpo nu,
tenho a fobia de cono,
ai quem me dera um fanchono
que me quisesse ir ao cu!
Tenho preguiça e sono
a alma e o corpo nu.

Tenho sono e preguiça
sou um homossexual,
em mim o prazer se atiça
ao ver a potente piça
de um plebeu rude, brutal...
Tenho sono e preguiça
sou um homossexual.

Tenho haréns, tenho serralhos
de másculas mariposas,
Tenho seiscentos caralhos,
uns rijos quais férreos malhos,
outro macios como rosas.
Tenho haréns, tenho serralhos
de másculas mariposas.

Tenho o corpo enlanguescido
por volúpias siderais.
Tenho o cu prostituído
por mangalhos bestiais.
Tenho o corpo enlanguescido
por volúpias siderais.

Levai nos vossos traseiros
poetas da nossa terra!
Marzapos são os braseiros
do amor. E, paneleiros,
vereis o que o gozo encerra.
Levai nos vossos traseiros
poetas da nossa terra!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A história de Loirinha 12

Marco Adolfs

Sua vulva latejava de desejo. Ela então percebeu que o pênis do caminhoneiro se realçava por debaixo da calça. Loirinha aproximou sua mão direita do pênis endurecido do homem e começou a masturbá-lo ainda por cima da calça. Loirinha sentiu que era um pênis grande e grosso. Aquilo a excitou ainda mais. Os bicos de seus seios pareciam querer explodir, de tão intumescidos que estavam. Em determinado momento o homem então abriu a braguilha e retirou o membro para fora. Loirinha viu o enorme tamanho do pênis e pegou-o na mão como quem pega um bem precioso que precisa ser bem manipulado. Entre gemidos perpetrados e suspiros de paixão, o encosto do banco foi lentamente rebaixado pelo caminhoneiro. A cabine adquiriu mais espaço. Daria para fazer tudo ali. O homem então retirou a blusa e pediu para ela retirar o short. Loirinha obedeceu. Era uma mulher obediente, quando desejava. Totalmente nua, o homem arregaçou as suas pernas e começou a lamber o seu grelo passando a língua, de vez em quando, por toda a extensão de sua vulva, repuxando o clitóris. Loirinha apoiava uma das pernas no encosto e a outra no painel do caminhão, abrindo-se todinha. A cada lambida e chupada daquele homem, Loirinha desejava ainda mais a penetração do pau enorme. Sentia um desejo imenso lhe percorrendo o corpo. O caminhoneiro então se afastou um pouco mais e despiu-se totalmente. Foi quando Loirinha pode ver aquele membro enorme vindo na sua direção. Pediu então que ele entrasse logo. Mas o homem parecia querer aquecê-la ainda um pouco mais. Seu dedo “maior de todos”, deslizou pela sua boceta, penetrou em seu canal e começou a massageá-la pacientemente. Loirinha gemeu de prazer com aquilo. Sentiu que poderia gozar a qualquer momento. Mas desejava que ele lhe metesse logo. Um fogo queimava em seu corpo. Mas o homem intercalava beijos, chupadas, dedos e mais lambidas com tanta vontade que ela não sabia mais o que esperar. Começou então a gemer mais intensamente. Até que gozou. Durante o gozo, Loirinha sentiu-se flutuar e sair do corpo; gemendo de satisfação. Um gozo intenso e profundo. Mas Loirinha sentiu que poderia gozar ainda mais. Foi quando o caminhoneiro, não aguentando mais, penetrou-a de vez. Loirinha recebeu o pau do cara com enorme desejo. Molhada, gemeu com uma satisfação intensa. Mas também sentindo uma dor fina em seu útero, que, misturando-se com o prazer e desejos, foi bem vinda como um prazer a mais. O caminhoneiro mexeu de uma forma ritmada, tão apropriada e correta, que ela logo se viu explodindo em um gozo solto. Gritou então. Uma liberação da alma. Loirinha gozava, gozava e gozava. Derramava-se e esvaía-se. Deixava de existir. Retesava o corpo e largava seu corpo num espasmo que parecia ser tudo o que mais desejara na vida.  
(Continua na próxima semana...)

sábado, 15 de outubro de 2011

Soneto 241 Ensaístico

Glauco Mattoso


Chamemo-la de fase iconoclasta,
à minha poesia antes de cego.
Pintei, bordei. Porém não a renego.
Forçou-me a invalidez a dar um basta.

A nova não é casta, nem contrasta
com velhas anarquias. Só me entrego
ao pé, onde em soneto a língua esfrego.
Chamemo-la de fase podorasta.

Mas nem por isso é menos transgressiva.
Impõe-se um paradoxo na medida
da forma e da temática obsessiva:

Na universalidade presumida,
igualo-me a Bocage, Botto e Piva.
Ao cego, o feio é belo, e a dor é vida.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A história de Loirinha 11

Marco Adolfs



O caminhão era moderno. A cabine era grande. Loirinha ficou então sabendo que poderia dormir no espaço que havia atrás. Ela e o caminhoneiro, à medida que o tempo passava, começaram a ficar mais íntimos. Os desejos de cada um brotando em suas cabeças como cogumelos selvagens. A estrada abrindo-se à frente de Loirinha como uma oportunidade de liberdade e conhecimentos distantes. Loirinha também sentia no ar que aquele caminhoneiro a qualquer momento a abordaria sexualmente. Para atiçá-lo ainda mais, Loirinha, que estava vestindo um short curto e apertado, cruzava as pernas constantemente. Mostrando suas coxas para que aquele homem ficasse totalmente interessado por ela e os dois pudessem iniciar um relacionamento mais profundo. Loirinha era esperta. E – como toda mulher criada na vida de entregas e buscas –  sabia usar do poder da sedução. Um poder a cada dia mais bem usado. De uma maneira melhor e mais apurada.

A viagem transcorria normalmente. Mas, quando anoiteceu, Loirinha começou a ficar cansada. O caminhoneiro disse-lhe então que ela poderia dormir e ficar à vontade. Loirinha não pensou duas vezes e passou logo para o banco de trás. Para a cama do caminhão. O tempo então passou. O barulho do motor e o sacolejo não a incomodaram muito e logo ela caiu no sono. Sentia-se bem, nas mãos daquele homem forte e decidido. Loirinha sabia se entregar ao destino. Mas como tudo tem um tempo determinado para começar e para terminar, ela foi acordada por uma parada obrigatória.

A noite havia virado madrugada e o caminhoneiro estava parando em um posto de gasolina para abastecer e tomar café. Descansar um pouco, antes de prosseguir viagem. Loirinha sentindo vontade de urinar, saiu também, passando-lhe à frente. Se tivesse olhado para trás, veria o olhar de desejo daquele caminhoneiro explodindo em direção a seu corpo. O caminhoneiro disse-lhe que iria tomar café e que logo voltaria para o caminhão. Quando voltou, Loirinha estava sentada no lado do passageiro. Ainda estava com sono. Mas logo a conversa e o café que ele havia lhe trazido começou a acordá-la. Loirinha reagia à conversa e ao assédio do homem. Sorria, gostando daquilo tudo. Gostava de ser surpreendida assim. O homem então começou a pegar-lhe as mãos e a beijá-las. E ela correspondia, começando a gostar. Com não houvesse quase ninguém no posto àquela hora, as carícias do homem começaram a tomar um rumo mais impetuoso. Loirinha sentia-se sendo levada. As mãos do caminhoneiro subiram então de suas coxas e alcançaram os seus seios; puxaram as alças de sua blusa e logo ela sentiu os mamilos sendo chupados. Loirinha excitou-se tanto que começou a ficar molhada.

(Continua na próxima semana...)

sábado, 8 de outubro de 2011

Erótica

Carlos Queirós (1907-1949)


A noite descia
como um cortinado
sobre a erva fria
do campo orvalhado.

e eu (fauno em vertigem)
a rondar em torno
do teu corpo virgem,
sonolento e morno,

pensava no lasso
tombar do desejo;
em breve, o cansaço
do último beijo...

E no modo como
sentir menos fácil
o maduro pomo
do teu corpo grácil:

ou sem lhe tocar
– de tanto o querer! –
ficar a olhar,
até o esquecer,

ou como por entre
reflexos de lago,
roçar-lhe no ventre
luarento afago;

perpassando os meus
nos teus lábios úmidos,
meu peito nos teus
brancos
                seios
                         túmidos...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A história de Loirinha 10

Marco Adolfs


Como passei a gostar de Loirinha de uma forma carinhosa, acho que ela também desenvolveu comigo outro tipo de relacionamento. Um relacionamento que não dependia de dinheiro, mas sim de atenção e respeito. Que era o que ela desejava também. Muitas e muitas vezes ela apenas queria sair para passear. Ir a um cinema; e outros divertimentos. E eu a satisfazia nesse sentido. Passávamos a nos conhecer como seres humanos; pessoas normais.
– Você deve odiar esse político até hoje, não? – comentei, parando de gravar e pensando na barbaridade que ele lhe fizera.
– Um dia desses fiquei sabendo que ele morreu de câncer – ela disse, fria e indiferente.
– Mas você o odiava? – insisti.
– Nunca pensei muito sobre ele – respondeu. – Depois que fui costurada, tudo se ajeitou novamente – finalizou, abaixando a cabeça. Seus dedos deslizando distraidamente pela superfície da mesa de centro.
Pensei então na violência que às vezes permeia toda busca do prazer.
Quando caiu na zona, Loirinha ficou sendo manipulada pelas circunstâncias naturais e excepcionais daquela vida. Como uma bola de sinuca ao sabor de um taco. Mas ela sabia também ser um taco. Um dos aspectos de sua personalidade que mais me atraía era o jeito de ela usar o seu para adquirir, ou uma defesa ou um ataque, perante os homens. E ela ainda me contou um dia, quando estávamos a sós, que uma vez ela quase abandonou a vida de puta que estava levando em troca da estabilidade do casamento. E tudo manipulado através do olhar que ela lançou a um escolhido. Ela era ainda nova, nessa época. Tinha dezoito anos e precisou “fisgar” um homem, como disse. Loirinha queria conhecer o mundo; lugares e pessoas diferentes. Para isso acontecer ela teve a ideia de namorar um caminhoneiro ou um fazendeiro. Tentou primeiro um caminhoneiro. O sujeito, vendo aquela menina nova e bonita lhe fazer sinal na estrada, parou o caminhão imediatamente. Ela usou seu olhar sedutor; seu sorriso arrasador; seu corpo escultural. E entrou. Subiu na cabine do motorista como quem entra em uma casa.
O caminhoneiro era um sujeito forte e bem apanhado. Pelo menos teve a sorte de encontrar um assim, pensou. Deveria ter uns trinta anos. Era moreno e carregava um bigode no rosto. No braço esquerdo, a tatuagem de uma cobra levantando-se para dar o bote. Estava sem camisa, quando ela entrou no caminhão. Apresentaram-se; sorriram um para o outro e partiram.

(Continua na próxima semana...)

sábado, 1 de outubro de 2011

Rígidos seios de redondas, brancas

Jorge de Sena (1918-1878)



Rígidos seios de redondas, brancas
frágeis e frescas inserções macias,
cinturas, coxas rodeando as ancas
em que se esconde o corredor dos dias;

torsos de finas, penugentas, frias,
enxutas linhas que nos rins se prendem,
sexos, testículos, que inertes pendem
de hirsutas liras, longas e vazias

da crepitante música tangida,
úmida e tersa, na sangrenta lida
que a inflada ponta penetrante trila;

dedos e nádegas, e pernas, dentes.
Assim no jeito infiel de adolescentes,
a carne espera, incerta, mas tranquila.

Voyeurs desde o Natal de 2009