Bruna Lombardi
Ainda
sou o cavalo selvagem
que
tu sabias que eu era
ainda
tenho essa lua de feitiço
me
brilhando nas entranhas
e
esses olhos de animal
à
espreita.
Carrego
ainda esse sentido estranho
nessa
trama intrincada dos instintos.
No
prazer e no perigo o meu contágio
desenfreada a minha liberdade
vem
do sangue o meu conhecimento
salgado
como o suor.
Ainda
sou da mesma lâmina de aço
que
te recorta o corpo. Do mesmo brilho
azul
que te fascina. Da mesma fúria desmedida
de
derrubar as cercas. E trago ainda as mesmas marcas
o
mesmo gosto, o mesmo cheiro feroz
de
terra e mato.
Ainda
a mesma paixão me uiva dentro
quando é noite de verde e desespero.