Amigos da Alcova

sábado, 30 de outubro de 2010

Ela é uma delícia

Claufe Rodrigues (Baby the Billy)



Ela tem curvas que nem Oscar Niemeyer ousaria imaginar...
Provocante, passa a língua sobre os lábios,
lambuzados de chantilly.
Os seios são sorvetes de morango,
onde pousam duas estrelas.
Um mago míope, observando,
pensou que fossem rubis.
Os cabelos de seda e luz dão de ombros para os mortais,
e nem as Dez Mais desfilam com tanta elegância.
...Sem falar na xoxotinha,
que por várias vezes eu tive o prazer de desfrutar!...
Ela é uma delícia!
Mais inteligente que a Lúcia,
mais estimulante que a Márcia,
mais ardente que a Patrícia.
Mas é uma gata difícil,
cheia de tiques nervosos,
ataques de riso,
não sabe o que diz, o que faz,
o que quer de nós dois.
Todos os homens babam de prazer
só de vê-la passear pela orla marítima.
Quem será a próxima vítima
da sua luxúria?
Quantos rapazes serão capazes de domar
a sua fúria sexual?
Estas e outras perguntas
ficarão flanando na estratosfera,
só mesmo um cara fera em astrologia
poderá um dia decifrar.
Enquanto isso
eu cuido das minhas plantas,
esqueço as contas, preparo a janta
e espero ela chegar...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Soneto da cópula, gozos e coitos...

Alaor Tristante



Há uma fera capciosa em mim
que de quando em quando é amansada
que de quando em quando bem mais ousada
retorna desejosa e mais a fim.

Tem gente que a chama sem-vergonhice
minha puta me chama troglodita
mas com a fera não tem pieguice
some num ímpeto e após ressuscita.

Seus gestos loucos são sempre incontidos
cega por inteira não dá ouvidos
sobrevém sorrateira e cospe fogo.

Deixando-me abstrato após o logro
feições de bobo e com cara-de-pau
faz-me crer que sou mesmo um animal.

domingo, 24 de outubro de 2010

Soneto

François de Malherbe (1555-1628)



Quinze anos eu passara, os primeiros da vida,
Sem ter sabido nunca o que era esse furor
Em que a dança do cu deixa na alma um torpor
Após a ânsia viril na cona ser remida.

Não que a morte tão doce e tão apetecida
Não me impelisse um forte, juvenil ardor,
Mas o membro que eu tinha, embora lutador
Não chegava a deixar a Dama bem servida.

Trabalho desde então com pertinácia rara
Por compensar a perda e o tempo que não pára,
Pois o sol no Poente ameaça os meus dias.

Oh Deus, venho rogar-te, meu zelo ajudai:
Para tão doce agir, meus anos alongai
Ou devolvei-me o tempo em que inda eu não fodia!


(Trad. José Paulo Paes)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eu vi um muiraquitã

João Sebastião



               I


Eu vi um muiraquitã
no colo duma caboca.

Aquele bicho verdoso
era promessa de foda,

de foda duma caboca
de corpo mui feiticeiro

peitos, ancas, coxas, bunda
– nada falto, tudo farto –

amazona dos meus sonhos
princesa dos meus desejos.

Meu cacete latejou.
Tomou-me uma ânsia louca:

dominar aquele corpo
viajar naquela dona

me lambuzar no seu mel
me afogar na sua cona

lamber-lhe a flor do cuzinho
me derreter de carinho

e no auge da agonia
esporrar na sua boca.


               II


Como um lobo solitário
acerquei-me da potranca.

Uns cinco chopes depois
somos amigos de infância.

A língua que me lambia
os lábios que me chupavam

os dentes que me mordiam
os braços que me prendiam

os membros se confundindo
no doce embate dos corpos:

pau no cu, pau na boceta
e enfim o gozo gritado!

Um banho reconfortante
e a caboca estava intata

insaciável, sedenta
esfregando em minha cara

boca, língua, cu, boceta
– e eu só língua, dedo e pau...

A refrega enfim se finda
com os corpos desfalecidos...


               III


Na hora do desenlace
a caboca desatou

de seu colo de bacaba
a pedra muiraquitã

e prendeu-a em meu pescoço
dizendo que voltaria

desde que eu estivesse usando
aquele símbolo mago.

Lambeu-me a cara e os mamilos
e beijou o muiraquitã.

Passaram-se já 3 anos
e a malvada não voltou...

Não há um dia que passe
sem que eu lembre da caboca;

sem eu lembre da mulher
da foda mais prazerosa;

sem que eu lembre da alegria
que eu senti quando, um dia,

no colo duma caboca
eu vi um muiraquitã.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma noite com meu homem

Angelica de Lis (1984-2009)



Eu quero ser tua esta noite.
Quero que me possuas sem pudor,
sem carinho, sem medo de me machucar
e até mesmo sem amor.
Quero te entregar o meu corpo, o meu sangue e a minha carne,
e não quero que sintas dó e nem piedade,
quero apenas que me enrabes.

Que na minha boceta teu pau seja realizado,
e jorre em mim todo o teu gozo, deixando o meu tesão saciado.
E enquanto me penetras, quero ouvir sacanagens,
bobagens, loucuras que só se diz
numa foda selvagem.

Que todos os dedos de tuas mãos em mim sejam introduzidos,
que procurem em meus orifícios o prazer desconhecido.
Que tuas mãos, depois de me baterem, deixem seus sinais.
– A lembrança marcada no meu corpo, depois de nossos uis e ais.

Que minha boceta seja chupada, lambida, mordida,
que tua língua me deixe enlouquecida,
pedindo que me enterre teu pau e teus medos.
– Esta noite eu quero gozar, fodendo de todos os jeitos.

domingo, 17 de outubro de 2010

Vem sentar-te

Marcus Vinicius de Freitas



Vem sentar-te comigo, Lídia, ali
no canto mais escuro da varanda.
O refrescante cheiro da vianda
tornará chã a Arcádia de rubi

inventada por poetas eunucos
a quem bastava a mão na tua mão.
Para mim, vale muito mais o muco
da tua boceta ardida de tesão.

O toque da tua mão seria bom
se fosse, segurando no cacete,
para tocar punheta infinita.

E o leite escorreria num filete
que beberias, licor de bombom,
balindo árcade como cabrita.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Zoofilia – Touro

Nei Leandro de Castro




O touro dá lições de sexo

ao puritano babaca.

Antes da belíssima trepada

ele lambe docemente

a boceta da vaca.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Alguns gostam de fiofó

Chico Doido de Caicó (1922-1991)




Alguns gostam de fiofó

Outros de suco de mangaba

Eu, mais modesto,

Gosto mesmo é de uma

Xiranhanhanhanhã em noite de luar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A gueixa I

Paulo Franchetti




Uma gueixa velhota, tosca e burra,
Um dia quis bater uma punheta.
Como buscasse em vão alguma curra
E não achasse pinto, fez mutreta:

Enfiou pelo cu vasto salame,
Agasalhou um nabo bem folhudo,
Um cru pedaço de toucinho, inhame,
E um braço de japona de veludo.

Guarda-chuva, abajur, pano de prato,
Pé de cadeira, cabo de martelo,
Torneira, mangueirinha, telefone:

Tudo comeu seu velho rabo ingrato,
Sem lhe dar paz, sem se aplacar o anelo
De tal olho, voraz como um ciclone!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ah, uma bunda branca...

Marcus Vinicius de Freitas




Ah, uma bunda branca me emociona!
O traço, a curva, desenho preciso.
Matemático muro, alvo e liso,
estandarte e brasão da bela dona.

A bunda-ícone, bunda de neve,
onde a luz da seda sinta-se sombra,
onde o corpo role pela alfombra
e viva de prazer, que a vida é breve.

Oh, praça onde danço em apoteose!
Que geômetra te sonhou na bruma?
Estou tonto e quero mais, mais uma dose

dessa bunda-mulher que me desanca.
Se digo anca, a arma se apruma:
quem diz anca, diz bunda, bunda branca.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Coito in/ver/tido

Marcus Accioly



Sobre duzentas almofadas postas
em seu colchão (já livre de mil panos)
o amor se deita e (sob mim) de costas
deixa que eu tente possuir seu ânus

(vou penetrando devagar) molhado
está meu pênis de saliva (desço
pelo avesso da carne) do outro lado
(a dois dedos da vulva) eu reconheço

que aquela região (o amor suporta
a dor do seu prazer) estava intata
e (violento) arrombo a sua porta

como se fosse um bárbaro (se fosse
no seu corpo um aríete) “ó mata-
me” (diz o amor) “que o gozo dói de doce”

Voyeurs desde o Natal de 2009