Amigos da Alcova

domingo, 10 de abril de 2022

Amazonidades (fragmentos)

 

Marta Cortezão

 


Quando caniçava as águas,

e me remava de rios,

sacava-me o vento a saia

na fértil relva de cios.

*

Em meus olhos tudo cabe:

até aquele Rio barrento

copulando com o Negro

em longo dia calorento.

*

No riso, todos os sóis

que abrasam louca manhã,

na pele ardente, lençóis;

no beijo, febre terçã.

*

A traquinagem do verso

faz vaginar pensamentos;

então me entrego, de certo,

ao falo afoito do vento.

*

Fornicando com o verso

descobri pelo cansaço

da vulva, que o ritmo ereto

não desabrocha cabaço.


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