Marta Cortezão
Quando caniçava as águas,
e me remava de rios,
sacava-me o vento a saia
na fértil relva de cios.
*
Em meus olhos tudo cabe:
até aquele Rio barrento
copulando com o Negro
em longo dia calorento.
*
No riso, todos os sóis
que abrasam louca manhã,
na pele ardente, lençóis;
no beijo, febre terçã.
*
A traquinagem do verso
faz vaginar pensamentos;
então me entrego, de certo,
ao falo afoito do vento.
*
Fornicando com o verso
descobri pelo cansaço
da vulva, que o ritmo ereto
não desabrocha cabaço.