Amigos da Alcova

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sonetos Luxuriosos – 2


Aretino (1492-1556)
 
 
 
Aqui toda relíquia se desfruta –
Caralho horrendo, cona resplendente,
Aqui vereis fazer alegremente
O seu ofício muita bela puta. 

Na frente, atrás, em valerosa luta,
E a língua a ir de boca a boca, ardente
– Sucesso mais lendário certamente
Que os feitos de Morgante ou de Marguta. 

Que notável prazer não tereis tido
De ver a cona ou o cu nessa apertura,
Em modos incomuns de ser fodido. 

E como o vaso do odor se satura
Da pimenta ou rapé ali retido
(O mesmo que a espirrar nos apressura), 

Cuidado haveis de ter,
A bordo da barquinha de foder,
Com esse odor que o sátiro conjura.
 
 
 
(Trad. José Paulo Paes)
 
 
Notas:
Morgante – Protagonista do poema homônimo de Luigi Pulci (1432-1484), escritor que pertenceu ao círculo de Lorenzo, o Magnífico. Trata-se de um romance cavalheiresco de tom jocoso, cujo herói é um gigante ingênuo, de força prodigiosa, que acompanha Rolando de Roncesvalles e participa com destaque em diversas aventuras no Oriente.

Marguta – Gigante de feio aspecto e de caráter bufo que serve de escudeiro a Morgante.

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