Amigos da Alcova

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Soneto 309 Buceteiro


Glauco Mattoso

 

Pequenos, grandes lábios, um clitóris.
Pentelhos. Secreção. Quentura mole,
que envolve meu caralho e que o engole.
Não saio até gozar, nem que me implores.

Diana. Dinorá. Das Dores. Dóris.
Aranha. Taturana. Ovelha Dolly.
Peluda, cabeluda, ela nos bole
na rola, das pequenas às maiores.

Buceta existe só para aguçar
a fome dos caralhos em jejum.
Queremos bedelhar, fuçar, buçar!

Agora não me falem do bumbum!
Do pé tampouco! Vou despucelar
o buço dum cabaço, ato incomum.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Não quero ser o último a comer-te



Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

 

Não quero ser o último a comer-te.
Se em tempo não ousei, agora é tarde.
Nem sopra a flama antiga nem beber-te
aplacaria sede que não arde

em minha boca seca de querer-te,
de desejar-te tanto e sem alarde,
fome que não sofria padecer-te
assim pasto de tantos, e eu covarde

a esperar que limpasses toda a gala
que por teu corpo e alma ainda resvala,
e chegasses, intata, renascida,

para travar comigo a luta extrema
que fizesse de toda a nossa vida
um chamejante, universal poema.

Voyeurs desde o Natal de 2009