Amigos da Alcova

domingo, 25 de outubro de 2015

Sensual


Gilka Machado (1893-1980)



Quando, longe de ti, solitária, medito
neste afeto pagão que envergonhada oculto,
vem-me às narinas, logo, o perfume esquisito
que o teu corpo desprende e há no teu próprio vulto.

A febril confissão deste afeto infinito
há muito que, medrosa, em meus lábios sepulto;
pois teu lascivo olhar em mim pregado, fito,
à minha castidade é como que um insulto.

Se acaso te achas longe, a colossal barreira
dos protestos que, outrora, eu fizera a mim mesma
de orgulhosa virtude, erige-se altaneira.

Mas, se estás ao meu lado, a barreira desaba,
e sinto da volúpia a ascosa e fria lesma
minha carne poluir com repugnante baba...

domingo, 11 de outubro de 2015

Pombas e frutas


Múcio Teixeira (1857-1928)


Vem-se a primeira moça, envergonhada,
Vem-se outra mais, mais outra... enfim dezenas
De cabaços se vão, vindo-se apenas
Sentem na vulva a rija caralhada.

E à noite, quando a porra envernizada
Deixa em brasas a crica das morenas,
Roçam pelos colhões, quais leves penas,
Os fios dos pentelhos em revoada.

As bimbas no prepúcio se abotoam;
Os beiços pelos seios roçam, voam,
Como voam as pombas nos pombais...

Os que fodem demais, ficam fodidos;
Mas, se a foda nos deixa sem sentidos,
Tome sentido o que foder demais.

Voyeurs desde o Natal de 2009