Amigos da Alcova

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A um poeta medíocre

Francisco Eugênio dos Santos Tavares (1913-1963)


A um poeta medíocre que lhe mandou um folheto de versos,
Torturas da Vida, pedindo a sua opinião



No dia dois de Novembro
vi-o numa leitaria:
achei-lhe cara de membro...
de membro da Academia.

Se você procura assunto
para um futuro trabalho
não puxe pelo bestunto
nem torture mais a vida:
vá torturar o caralho!

domingo, 20 de maio de 2012

Cantiga


Múcio Teixeira (1857-1928)




Certa menina muito galante
Fez a punheta ao seu amante.


Foi numa sala de grande luxo
Que a delambida caiu no buxo...


O felizardo, com ar de sono,
Sem mais aquela, palpou-lhe o cono.

A delambida, mostrando a greta,
Disse, arreitada: – Se quiser, meta...



As calças ele desabotoa
E mostra a coisa... Que coisa boa!


Ela as mãozinhas põe no caralho...
– “Sacode, aperta” – diz-lhe o bandalho.

Começa a história, dando risadas,
Com as mãozinhas logo esporradas...


Se o pai soubesse da putaria,
Desse brinquedo não gostaria.


Se a mãe soubesse da vil punheta,
Preferiria que ela lhe desse a greta.


E ela dizia, depois, sem sono:
Porra nos dedos... dedos no cono!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O canto do puto


Paulo Veloso (1909-1977)




Minha voz dengosa

Ó fanchos, ouvi!

Sou fruta gostosa

E fruta nasci.

Ó fanchos, meu macho

Era o Jurandi;

O macho sebento

De pau de jumento

Que pra meu tormento

Ó fanchos, perdi!



Já vi bons caralhos

De amigos bandalhos

E os doces trabalhos

Da foda provei!

Das picas calhordas

Senti pelas bordas

Contactos de cordas

Das picas que amei!



Sou puto, confesso!

Bichocas não meço

Quando a alguém peço

Para me enrabar!

Da bunda ao buraco,

Ou então no sovaco,

Não dou o cavaco,

Eu quero é gozar!



O Fontes guloso,

O Paulo Veloso,

O Staerke, jeitoso,

Comeram-me nu!

O Elpídio surdina,

O Cortes bolina

E o Lápis canina

Me foram ao cu!



Agora, cansado,

Todo engalicado,

Ficou isolado

Meu cu infeliz!

Se acaso não acho

Alguém para macho,

No cu atarraxo

Meu grande nariz...  



Meu canto de puta

Ó fanchos, ouvi!

Sou fresco! Sou fruta!

Veado nasci!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Canto da bugra


Múcio Teixeira (1857-1928)

  

I


Não chores, ó filha,
Não chores, que a vida
É foda renhida
Viver é foder.
A foda é combate
Que a porra rebate,
Que o cu da donzela
Só peida, a foder…
 

II
 

Um dia fodemos!
O homem que fode,
Mais gostos não pode
Na vida sentir.
Na porra que entesa
Tem sempre uma presa,
Quer suja francesa,
Galinha ou tapir.
 

III
 

A fêmea, abrasada,
O macho deseja
Vencer na peleja,
Garbosa e feroz;
E os trêmulos velhos
Dão falsos conselhos,
Coçando os pentelhos,
Vencidos coiós…
 

IV

Domina quem fode:
Se esporra, descansa,
Na doce esperança
De alegre se vir;
De cono lavado,
O mais não te importe:
Sê puta do norte,
Sem nunca parir.
 

V
 

Já que és minha filha,
Meus brios reveste:
Tamoia nasceste,
Fodida serás;
Engole o tacape
Robusto, fagueiro,
Do duro guerreiro,
Na guerra e na paz.
 

VI
 

Teu grito de bunda
Retumbe aos ouvidos
De imigos trazidos
Por forte tesão;
E treme de ouvi-lo
Pior que o sibilo
Da cobra e do grilo,
Pior que o trovão
 

VII
 

E a fêmea nas tabas
Querendo esfalfados
Os bugres criados
Na lei do tesão,
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez na barriga
Te meta o seu grão.
 

VIII


Porém se um rabicho,
Traindo-te os passos,
Te atire nos braços
De imigo falaz,
Da foda na hora
Teus gostos memora
Verás como chora,
Lambendo-te – o ás!
 

IX


E cai, como o tronco
Do raio tocado,
Fodido, esporrado,
Já murcho o colhão…
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa a consorte
De extinto cabrão.
 

X
 

Tens cu, cono e boca,
Penetra na vida
Fodendo ou fodida,
Que a vida é foder!
A vida é combate
Que a foda rebate,
Cacique ou mascate…
Querer é poder.

Voyeurs desde o Natal de 2009