Amigos da Alcova

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Soneto XVII


 
Bocage (1765-1805)

 

Dizem que o rei cruel do Averno imundo
tem entre as pernas caralhaz lanceta,
para meter do cu na aberta greta
a quem não foder bem cá neste mundo:

Tremei, humanos, deste mal profundo,
deixai essas lições, sabida peta,
foda-se a salvo, coma-se a punheta;
este prazer da vida mais jucundo.

Se pois guardar devemos castidade,
para que nos deu Deus porras leiteiras,
senão para foder com liberdade?

Fodam-se, pois, casadas e solteiras,
e seja isto já; que é curta a idade,
e as horas de prazer voam ligeiras.


 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Seios


Cruz e Sousa (1861-1898)

 

Magnólias tropicais, frutos cheirosos
Das árvores do Mal fascinadoras,
Das negras mancenilhas tentadoras,
Dos vagos narcotismos venenosos.

Oásis brancos e miraculosos
Das frementes volúpias pecadoras
Nas paragens fatais, aterradoras
Do Tédio, nos desertos tenebrosos...

Seios de aroma embriagador e langue,
Da aurora de ouro do esplendor do sangue,
A alma de sensações tantalizando.

Ó seios virginais, tálamos vivos
Onde do amor nos êxtases lascivos
Velhos faunos febris dormem sonhando...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Aparências


Rodrigo Della Santina

 

 

Após tanta insistência, consentiu
A dama que a tivesse o namorado.
Cuidou, sendo o nariz dele alongado,
Que à cama gemeria horas a fio.


Porém, do que esperava pouco viu,
Que o dele era pequeno e o dela, ampliado,
De modo que em lugar tão dilatado
Seu pau nem mesmo entrou logo saiu.


Então lhe disse a dama, já frustrada:
“Mas que nariz mais mentiroso tens!”.
Ao que ele respondeu, dando risada:


“Não deixes teu semblante tão franzido,
Se o meu nariz o teu prazer retém,
O teu, ó dama, foi fiel contigo”.

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