Amigos da Alcova

terça-feira, 15 de abril de 2014

Versos a Lou


Apollinaire (1880-1918)
 

 

Meu muito querido lobinho eu amo você

Minha querida estrela palpitante eu amo você

Corpo deliciosamente elástico eu amo você

Vulva que aperta como um quebra-nozes eu amo você

Seio esquerdo tão rosa e insolente amo você

Seio direito tão rosa-tenro amo você

Mamilo direito cor de champanhe não champanizado amo você

Mamilo esquerdo igual à bossa da testa de um garrote que acaba de nascer amo você

Ninfas hipertrofiadas pelos seus toques frequentes amo vocês

Nádegas sutilmente ágeis que se arrebitam para trás amo vocês

Umbigo igual à lua côncava sombria amo você

Toutiço claro como uma floresta no inverno amo você

Axilas peludinhas como um cisne filhote amo vocês

Queda de ombros adoravelmente pura amo você

Coxa de linhagem tão estética como uma coluna de tipo antigo amo você

Orelhas ornadas como bijuteria mexicana amo vocês

Cabeleira ensopada no sangue dos amores amo você

Pés sábios pés que se enrijecem amo vocês

Rins que cavalgam rins possantes amo vocês

Talhe que jamais conheceu espartilho talhe macio amo você

Dorso maravilhoso tão benfeito que se encurva para mim amo você

Boca delícia minha néctar meu amo você

Olhar único olhar-estrela amo você

Mãos adoro os seus movimentos amo vocês

Nariz singularmente aristocrático amo você

Caminhar ondulante e dançante amo você

Ó meu lobinho amo amo amo você

 

(Trad. Décio Pignatari)

Voyeurs desde o Natal de 2009