Amigos da Alcova

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O britador

Paulo Veloso (1909-1977)



A puta apavorada a bunda empina
E a boceta arreganha o mais que pode,
Pra ver se dá calado à longarina
Que a custo empunha esse alentado bode.

O caralho é mais grosso do que as coxas
Da pobre puta, que protesta em vão...
As berbas da quirica já estão roxas,
Das marradas que leva em profusão.

Mas volta o jumental garanho à luta!
O pau trabalha como um bate-estaca!
– Quer rasgar, meio a meio, a pobre puta!

E mete!!! Mas a arremetida louca
Não termina no útero da vaca!
– Une o cu co’a boceta e sai na boca!!!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Quando desejos outros é que falam

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)



Quando desejos outros é que falam

e o rigor do apetite mais se aguça,

despetalam-se as pétalas do ânus

à lenta introdução do membro longo.

Ele avança, recua, e a via estreita

vai transformando em dúlcida paragem.



Mulher, dupla mulher, há no teu âmago

ocultas melodias ovidianas.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Zoofilia – Beija-flor

Nei Leandro de Castro




Quem já viu o beija-flor

fazer amor?

O bico onde é que fica?

Ele tem pica?

Nos movimentos que faz,

assim como nos voos,

ele vai pra frente e pra trás?

Ele trepa no ninho?

No arco-íris? Em pleno ar?

Ou só faz chupar flor?

Será?  

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Soneto 260 Construtivista

Glauco Mattoso




De fora quem lê versos não vê pleno.

Percebe a rima, só que, antes da dita,

existe metro, acento e uma restrita

cesura que censura o meu veneno.



As rimas são as quinas do terreno.

O metro é cada lado, está na fita.

O acento é o torreão de quem recita,

e a pausa põe suspense no obsceno.



Tijolo é toda letra, toda nota.

Vogal ou consoante, tudo conta,

e cada virgulinha tem sua quota.



Castelo edificado, casa pronta.

Mas quando tem caralho, cu, xoxota,

a crítica, que é vândala, o desmonta...

Voyeurs desde o Natal de 2009