Amigos da Alcova

sábado, 30 de março de 2013

A sábia mão a cujo toque ardente


Francisco Villaespesa (1877-1936)




A sábia mão a cujo toque ardente

faz vibrar a carne como um artefato,

prolonga a agonia do contato

em múltipla volúpia intermitente...  

 

Oh, o calor que de teu corpo emana!

Ah, tuas costas nuas e opulentas

pulsando sobre mim, como sedentas

peregrinas passando em caravana!                                    

 

Meus beijos perfumaram o vazio

de um úmido e terrível calafrio...

E sob a cabeleira estremecida

 

em um áureo punhado de serpentes,

senti sangrar e cessar minha vida,

entre o canibalismo de teus dentes!
 
 
(Trad. Zemaria Pinto)

terça-feira, 19 de março de 2013

A holandesa


Almir Diniz

 

Vi, deitada, na borda da piscina,
uma loura holandesa, tez dourada,
parecia uma deusa platinada,
moça feita, com jeitos de menina.

Tudo nela, a rigor, seduz, fascina;
as curvas sensuais; pose estudada;
o talhe firme; a bunda arrebitada;
a coxa lisa e a cintura fina.

Liberta de tabus e preconceitos,
o seu fio dental para se achar
só com binóculo e sem nenhum respeito.

Ventre achatado, curvas e recheios,
tudo é exposto, nada a revelar
mesmo a cova sutil e os belos seios.


                              (Curaçao, 31.1.13)

 

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