Amigos da Alcova

sábado, 30 de março de 2013

A sábia mão a cujo toque ardente


Francisco Villaespesa (1877-1936)




A sábia mão a cujo toque ardente

faz vibrar a carne como um artefato,

prolonga a agonia do contato

em múltipla volúpia intermitente...  

 

Oh, o calor que de teu corpo emana!

Ah, tuas costas nuas e opulentas

pulsando sobre mim, como sedentas

peregrinas passando em caravana!                                    

 

Meus beijos perfumaram o vazio

de um úmido e terrível calafrio...

E sob a cabeleira estremecida

 

em um áureo punhado de serpentes,

senti sangrar e cessar minha vida,

entre o canibalismo de teus dentes!
 
 
(Trad. Zemaria Pinto)

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