Aretino (1492-1556)
Aqui toda relíquia se
desfruta –
Caralho horrendo, cona
resplendente,
Aqui vereis fazer alegremente
O seu ofício muita bela puta.
Na frente, atrás, em valerosa
luta,
E a língua a ir de boca a
boca, ardente
– Sucesso mais lendário
certamente
Que os feitos de Morgante ou
de Marguta.
Que notável prazer não tereis
tido
De ver a cona ou o cu nessa
apertura,
Em modos incomuns de ser
fodido.
E como o vaso do odor se
satura
Da pimenta ou rapé ali retido
(O mesmo que a espirrar nos
apressura),
Cuidado
haveis de ter,
A bordo da barquinha de
foder,
Com esse odor que o sátiro
conjura.
(Trad. José Paulo Paes)
Morgante – Protagonista do poema homônimo de Luigi Pulci (1432-1484), escritor que pertenceu ao círculo de Lorenzo, o Magnífico. Trata-se de um romance cavalheiresco de tom jocoso, cujo herói é um gigante ingênuo, de força prodigiosa, que acompanha Rolando de Roncesvalles e participa com destaque em diversas aventuras no Oriente.
Marguta – Gigante de feio aspecto e de caráter bufo que serve de escudeiro a Morgante.