Amigos da Alcova

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Quarto crescente


Bruna Lombardi

 


Ainda sou o cavalo selvagem
que tu sabias que eu era
ainda tenho essa lua de feitiço
me brilhando nas entranhas
e esses olhos de animal
à espreita.

Carrego ainda esse sentido estranho
nessa trama intrincada dos instintos.
No prazer e no perigo o meu contágio
desenfreada a minha liberdade
vem do sangue o meu conhecimento
salgado como o suor.

Ainda sou da mesma lâmina de aço
que te recorta o corpo. Do mesmo brilho
azul que te fascina. Da mesma fúria desmedida
de derrubar as cercas. E trago ainda as mesmas marcas
o mesmo gosto, o mesmo cheiro feroz
de terra e mato.

Ainda a mesma paixão me uiva dentro
quando é noite de verde e desespero.

Voyeurs desde o Natal de 2009