Zemaria Pinto
Amália
Um acontecimento em
minha vida, Amália tinha exatos 15 anos quando a conheci – 49 a menos que eu. O
banco ficara para trás, vendido a um conglomerado internacional. Tecnicamente,
eu estava aposentado, mas era impossível viver com aquilo: fui dar aula. Depois
de algum tempo, comecei a prestar atenção na menina de tez escura, cabelos
lisos, olhos profundamente negros, lábios grossos e seios fartos. Ao contrário
da imensa maioria, ela prestava atenção à aula – empreendedorismo, uma novidade
na época –, fazia perguntas e sorria sempre. Até o final do ano escolar, nos
encontramos apenas no colégio, como professor e aluna. Acompanhava a
transformação de seu corpo: ficou mais alta e o que já era farto explodiu em
beleza, incluindo a bunda, que antes não se destacava. Nas férias, surpreendi-me
com um telefonema dela, para minha casa. As ligações passaram a ser rotineiras,
sempre depois das onze da noite. De ordinário, entre gemidos e sussurros, nos masturbávamos,
mas ela se recusava a um encontro. Com a volta às aulas, encontrei-a ainda mais
bela e desejável. Era perturbador ficar a tão pouca distância dela, tocá-la, às
vezes, sentir seu hálito quente. Meu pau intumescia-se, sem que eu pudesse
controlá-lo. Foram mais seis meses de angustiante espera, até que no dia de seu
aniversário de 17 anos ela murmurou-me ao ouvido: vou me dar você de presente.
Amália fez tudo o que fantasiávamos ao telefone, mas não permitiu a penetração
vaginal: estava noiva e fazia parte de um grupo, “Eu espero”, cuja principal
bandeira era casar com o hímen intacto. Sexo oral e anal não contavam para os
hipócritas. Ao longo de mais de um ano, lambuzei-me naquele oásis de luxúria.
Amália tinha a sensualidade à flor da pele: gozava até quando eu chupava seus
seios. Uma posição que ela gostava era, eu de bruços, ficar por cima de mim e
me enrabar – com o clitóris. Ela gozava várias vezes assim – e quando cansava
ficava de bruços para eu lamber o cu mais lindo que eu tive ao alcance dos meus
olhos: as bordas roxas, lisas, sempre relaxado, pronto para receber meu pau, o
que acontecia após uma sequência de orgasmos – de quatro, ela ordenava, mete no
meu cu, paizinho! E gozava mais e mais. Quando eu conseguia conter o gozo,
esporrava em sua boca, e ela, voraz, engolia todo o meu sêmen. Numa tarde
chuvosa de dezembro, Amália comunicou-me seu casamento em três dias. Foi nosso
último encontro. A lembrança de Amália, quase 20 anos passados, me tortura.
Quando o telefone toca, atendo sempre na esperança de ouvir sua voz menina,
seus gemidos, seus sussurros, seu gozo infinito.
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