Marco Adolfs
– Ela sabe fazer a coisa! – diziam todos os que a haviam levado pra cama. – É boa de mexida e trepa com muita personalidade! – completavam.
Fiquei curioso e desejei conhecê-la. Um amigo a apresentou. Assim que a vi fiquei impressionado com a sua beleza. Alta, loira e desembaraçada. De um olhar felinamente cruel. Fomos a um motel e não me arrependi de nada. Ainda mais pelo fato de que acabamos ficando amigos.
– Como tudo começou? – perguntei, iniciando a gravação.
– Tudo começou com um estupro – ela respondeu, puxando uma baforada de outro cigarro aceso.
A iniciação de Loirinha se deu com o padrasto. Um estupro bem urdido por aquele que se passava por pai.
– Tudo aconteceu – ela me contou –, quando tinha doze anos de idade. Ela até hoje carrega na cabeça as palavras que ele lhe dizia enquanto lhe penetrava... “Mexe a bundinha... Mexe, filhinha...” Palavras que, se nesse início comportavam uma carga de violência; com o tempo tornaram-se preciosas. Loirinha passara a mexer a bundinha como ninguém. Uma coisa que, depois de certo tempo, lhe forneceu a fama entre os homens e muito dinheiro no bolso.
Mas, após ter sido violentada pelo padrasto, Loirinha sentiu muita vergonha e nojo por ter feito aquilo. Passou alguns meses choramingando pelos cantos, enquanto continuava a passar pelas mãos de seu padrasto. Mas ela chorou até o momento exato de perceber e compreender o que acontecia. De perceber que poderia transformar aquilo em uma forma de adquirir vantagens com os homens. Decidiu então que deveria dar aqueles buracos de seu corpo, que seu padrasto tanto gostava, para um menino da vizinhança. Um menino que parecia ter dinheiro e que poderia então pagar por aquilo. Ou então ganhar alguma coisa em troca: um picolé; um short; ou mesmo uma ida ao cinema. Bastava levantar a saia; esperar que aquele troço duro entrasse no seu buraco; e mexer a bundinha. Para frente; para trás e para os lados. E pronto: estava feito o negócio. Quanto àquele líquido gosmento que escorria pelas suas pernas, era só limpar ou sentar em uma privada e esperar que escorresse tudo. Fora assim que aprendera. Seria isso que faria daqui pra frente.
O moleque que ela escolheu foi um negrinho sarará e metido a besta. Filho do dono de um boteco da favela e possuidor de uma bonita bicicleta com um banco na parte de trás. Morava na mesma rua que ela e vivia com muitas garotas na sua garupa. Loirinha sentiu até um prazer todo especial em conquistar aquele menino. Armou então um esquema. Como todas as manhãs o moleque saía cedinho, pedalando a sua bicicleta, para comprar pão, Loirinha pensou que a hora seria a melhor para fisgá-lo em uma esquina. Em troca do que lhe daria, queria exigir dele que largasse as outras meninas e ficasse só com ela.
(Continua na próxima semana...)