Amigos da Alcova

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Nome

Olga Savary



Dar às coisas outro nome
que não o vosso, amor, não pude.
Nem pude ser mais doce e sim mais rude
por conta das lamentações mais ásperas,

por causa do agravo que pensei ser vosso.
Amor era o nome de tudo, estava em tudo,
era o nome do macho cheirando a esterco,
a frutos passados e as raízes raras.

De posse da intimidade da água
e da intimidade da terra,
a animais vorazes é a que sabíamos.

Amor é com quem me deito e deixo montar
minhas coxas em forma de forquilha e onde
amor abre caminho pelas minhas águas.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Na hora da posse minha febre é tanta

Samantha Rios



Na hora da posse minha febre é tanta,
Que quando estás dentro de mim, querido,
Todo o meu corpo fica incandescido
E em êxtase de amor, minh’alma canta.

Teu corpo quente serve-me de manta
E teu calor me passa tanto fluido
Que louca fico a ouvir em meu ouvido
Tua voz sussurrar: “ te amo, Samantha!...”

Eu não me lembro, amor, então de nada...
No peito pulsa pleno o coração
E minha mente fica alucinada.

Enche de vida, amor, minhas entranhas,
Com teus beijos sufoca minhas manhas,
Com teu prazer sufoca-me a emoção!

domingo, 26 de setembro de 2010

Soneto 139 oroerótico (ou oroteórico)

Glauco Mattoso




Segundo especialistas, a chupeta
depende da atitude do chupado:
se o pau recebe tudo, acomodado,
ou fode a boca feito uma boceta.

Pratica “irrumação” o pau que meta
e foda a boca até ter esporrado;
Pratica “felação” se for mamado
e a boca executar uma punheta.

Em ambos casos, mesma conclusão.
O esperma ejaculado na garganta
destino certo tem: deglutição.

Segunda conclusão: de nada adianta
negar que a boca sofra humilhação,
pois, só de pensar nisso, o pau levanta.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Papaixão

Leopoldino Talento



Desde pequena até grandinha,
amo todos os papais:
Papai Noel, Papai do Céu
são todos iguais!

Nenhum é mau e me dão o que preciso:
presente de Natal e lugar no Paraíso...

Gigante minha necessidade brota:
uma vontade estranha
de sapecar minha xoxota!

Nenhum desses me dá,
uma piroca bem grossa
pra trepar!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Acrosticus

Rayder Coelho



Com vaselina, jeito e carinho...
Um sutil apelo, e a virgem cede.


Completamente aquém à sutil ação.
Um descuido... Ninfeta desvirginada.

domingo, 19 de setembro de 2010

Soneto CLXVII

Antônio Lobo de Carvalho (1730-1787)


A certa moça, chamando de velho o autor, que não se tinha por tal.


Não te escondo a guedelha encanecida,
Nem da rugosa fronte a cor já baça;
Conheço que o meu lustre, a minha graça,
Foi por duros Janeiros destruída.

Confesso inda que é já bem conhecida
Que a idade minha dos cinquenta passa;
Mas juro que ainda tenho grossa massa,
Que teso mastaréu a pino erguida.

Se és hidrópica mestra fodedora,
Daquelas que procuram com trabalho
Lanzuda porra, porra aterradora:

Minhas cãs não te sirvam de espantalho;
Põe à prova o teu cono, e sem demora
Verás então se é velho o meu caralho.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

o dedo

Cynthia Teixeira



os lábio mornos do homem
andam em todo corpo,
beijam a rubra face,
lambem o ventre gordo.

o membro morno do homem
cresce e se enterra.
é sonho, é sonho, diz ele
estou aqui a vida inteira.

já gozado, já encerrado,
estando ele cansado,
deita-se de bruços, geme, dorme
– dez minutos exatos durou seu sonho.

eterno suor de leito,
merecido descanso da vida
com o ronco saindo no peito,
ele agora jazendo adormecido,

entra em ação o amantíssimo
querido amado potente dedo,
que durante minutos eternos
amou aquela mulher e seu infinito desejo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Eu vi uma pentelheira

Chico Doido de Caicó (1922-1991)



Eu vi uma pentelheira
No corpo daquela dona
Que quase caí pra trás
Era pentelho de ruma
Que não acabava mais
Era uma mata profunda
Que começava no imbigo
E terminava na bunda.

Pra descobrir o priquito
Por detrás daquela mata
Fiz um esforço tão grande
O coração quase me mata
Os pentelhos da mulher
Era uma mata de cipó
Tudo muito emaranhado
Cheio de trança e de nó.

Me fiz de bom caçador
Na frente do cipoal
E rompi aquela mata
Com a força do meu pau.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Corpo

Maria Teresa Horta



É pêssego
tangerina
e é limão

Tem sabor a damasco
e a alperce

Toma o gosto da canela
de manhã
e à noite a framboesa que se despe

De maça guarda o pecado
e a sedução

Do mel
o açúcar que reveste

Do licor
a febre que no seu rasgão
me invade me inunda e me apetece

Mergulho depressa a minha boca
e bebo a sede
onde em mim já cresce

Delírio que me enche
de prazer
tomando ponto num lume que umedece

Devagar mexo sem tino
as minhas mãos

Provando de ti
se de ti viesse

O anis do esperma
o doce odor do pão
que o teu corpo espalha e me enlouquece

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Bacante

Iracema Macedo





Em meu ninho longínquo

inicio ventos

invento cios

canto e danço em volta do fogo

transformo meu leite em vinho

e ofereço meu corpo

para os lobos

sábado, 4 de setembro de 2010

Soneto safado

Nei Leandro de Castro


Eram duas amigas muito boas
que botavam aranhas pra brigar.
Saíam de mãos dadas, bem à toa,
indo juntinhas a qualquer lugar.

Uma era jovem, a outra uma coroa
calçada em sapatões pra caminhar.
Nem ligavam às maldizentes loas
dos machões, que falavam ao passar

por elas, muito embevecidas, lindas,
olhos nos olhos, a paixão infinda
tão deslumbrante como o amor das rosas.

De noite, entre suspiros e artimanhas,
ficavam nuazinhas. E as aranhas
comiam-se nas teias pegajosas.

Voyeurs desde o Natal de 2009