Amigos da Alcova

domingo, 17 de abril de 2016

Guardei de mim o que lhe dou agora


Geraldo Pinto Rodrigues


Guardei de mim o que lhe dou agora:
uma canção de amor com a cor da aurora,
favos de nuvens para o nosso idílio
e coisas mais para um suave exílio.

Aquietemo-nos corça, fêmea arfante,
lua inteira despida, doce amante,
que na razão de estarmos descobrimos
tempos de vida, triunfais arrimos.

Sob o jugo de halos invulgares,
refaço o canto em descobrimentos
de teias que se extinguem nos vagares

dos ritos que em amor são chamamentos
para viagens tecidas sobre a cama
e coisas mais afeitas a quem ama.


domingo, 3 de abril de 2016

Nota biográfica I



Gastão de Holanda (1919-1997)

Na leitura do abismo e seus açores
Teci a minha vida, entre moinhos
Atirei-me à ventura dos caminhos
E neles cultivei as mores dores.

Jamais ultrapassei os domadores
De outra profissão senão de espinhos,
Não apurei o faro dos focinhos
Mas despertei o mito dos amores.

Embora da maldade dos tiranos
Compusesse uma ópera canina,
Eu tive a recompensa do teu ânus.

Tesão com castidade não combina
Nem fodas retardadas pelos anos:
Ser puto de mulher, eis minha sina.

Voyeurs desde o Natal de 2009