Florbela Espanca (1894-1930)
Meu Amor! Meu Amante! Meu
amigo!
Colhe a hora que passa,
hora divina,
Bebe-a dentro de mim,
bebe-a comigo!
Sinto-me alegre e forte!
Sou menina!
Eu tenho, Amor, a cinta
esbelta e fina...
Pele doirada de alabastro
antigo...
Frágeis mãos de madona
florentina...
– Vamos correr e rir por
entre o trigo! –
Há rendas de gramíneas
pelos montes...
Papoilas rubras nos
trigais maduros...
Água azulada a cintilar
nas fontes...
E à volta, Amor...
tornemos, nas alfombras
Dos caminhos selvagens e
escuros,
Num astro só as nossas
duas sombras!...