Amigos da Alcova

domingo, 14 de maio de 2023

Extrema

 

Alberto de Oliveira (1857-1937)


 

Quero-te aqui, minha somente! os braços

Meus, e o colo, e cabeça, e a boca, e o rosto!

Tu matarás todo o infernal desgosto,

Toda a amargura que me segue os passos.

 

Seja dia ao nascer, seja sol-posto,

Ou chova ou torrem cálidos mormaços

Tu me serás repouso aos membros lassos,

Minha somente, meu marmóreo encosto...

 

Em ti, como num céu que é meu agora,

As asas canse o espírito suspenso,

Sacie-se o ideal que me devora.

 

Vamos: dos seios mostra-me o tesouro,

Solta o cabelo, e que eu sonhe e morra, o incenso,

Bêbado, haurindo dessa nuvem de ouro.

 

Voyeurs desde o Natal de 2009