Amigos da Alcova

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Rapaz de libra

Clotilde Tavares




Seu destino

é ser amado por toda a vida

por uma sagitariana maluca

com ancas de besta

e boca de menina.

domingo, 28 de novembro de 2010

Soneto 344 Feminista

Glauco Mattoso


“Mulher tem que chupar sem reclamar!”
A banda de Brasília não perdoa.
Seu rock a fêmea humilha, e o que apregoa
reflete algum machismo em cada lar.

“Mulher tem que gemer! Tem que apanhar!”
Insiste o rock, e zoa, inda que doa
na séria consciência da pessoa
humana, que não cabe em seu lugar.

Parir, amamentar, dar gozo, é tudo
que os homens lhe concedem, grita a dita,
afora o afã doméstico, que é mudo.

Às vezes, uma ou outra se habilita
nas artes, no poder, no amor, no estudo...
Mas só se faz capaz se for bonita.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Corpoenigma – boca

Zemaria Pinto



tecida em cetim

no jardim que desabrocha

– veludo carmim



florais do desejo

inauguram a manhã

na febre do beijo



sangrando, o morango

desfaz-se em cor e volúpia

submisso ao marfim

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Bicho Arredio

Anne Lucy



Eu sou um bicho arredio
passo fome, passo frio
mas nunca desamor

Fui criada mal amada
desci morro, subi escada
pra aprender a não ter paz

Sou mistura de índia-branca
com o resto de outras raças
pra ser sempre tua caça

Sou feroz e sou mansa
silvestre e doméstica
de brincar nunca se cansa

Em dias que estou no cio
nego fogo, quero o rio
pra acalmar os demônios

E nessa busca insana
por parca racionalidade
aonde há só instinto selvagem

Um corre outro alcança
e se enroscam nessa dança
de acasalar bobagens.

Lua de mel

Leila Miccolis



Nossa primeira noite foi a melhor de todas.

Preparei-te cicuta no café,

espalhaste tarântulas pela cama.

Apagada a luz,

eu esperava, de quatro, que viessem mil homens

trazendo em cada mão seus vibradores.

Por fim, a violação:

em posições exóticas

pelos cinco sentidos te gozei,

currei-te sete vezes e mais sete,

e me arrancaste o hímen com gilete.

sábado, 20 de novembro de 2010

Soneto XXXV

Bocage (1765-1805)



Se tu visses, Josino, a minha amada
Havias de louvar o meu bom gosto;
Pois seu nevado, rubicundo rosto
Às mais formosas não inveja nada:

Na sua boca Vênus faz morada:
Nos olhos tem Cupido as setas posto;
Nas mamas faz Lascívia o seu encosto,
Nela, enfim, tudo encanta, tudo agrada:

Se a Ásia visse coisa tão bonita
Talvez lhe levantasse algum pagode
A gente, que na foda se exercita!

Beleza mais completa haver não pode:
Pois mesmo o cono seu, quando palpita,
Parece estar dizendo: "Fode, fode!"

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Poemeto erótico

Manuel Bandeira (1886-1968)



Teu corpo claro e perfeito,
– Teu corpo de maravilha,
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...

Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...

Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...

Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...

É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Quem em cantigas se derrama...

Volúpia da água e da chama...

A todo o momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Teus seios

Eno Theodoro Wanke (1929-2001)



Não posso me esquecer, por mais que tente,
dos teus seinhos, numa nostalgia
de tê-los, de aninhar na mão vazia
a doce redondez, macia e quente.

E que ternura quando, humildemente,
a minha rude mão te acaricia....
– A carne do teu seio é tão macia,
e que meiguice linda põe na gente!...

Porém, se afago em minha ardente mão
teus seios, maus presságios te atormentam
e choras... mas não tens porque chorar!

– Adoro-te, e na minha devoção
os meus pobres carinhos representam
meu rito, e teus seios, meu altar!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Quero

Anne Lucy



Quero teu gosto suave
Na minha boca a derreter
Quero tua pele macia
Pro meu corpo aquecer

Quero ser o motivo
Do teu enrijecimento
Quero te guardar por inteiro
E realizar cada lamento

Vou virar concubina, freira
Seja o que for estarei a seu dispor
Serei carne exposta na feira

Leve-me aonde sabes me fazer chegar
Sem mais delongas
Vem me fazer suspirar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Soneto CL

Antônio Lobo de Carvalho (1730-1787)
                                                 
                                                           A certo alferes, cuja mulher tinha mais maridos.


Não me quero calar, senão abafo:
Eu declaro quem és, ó bode humano,
Que da cobiça vil no altar profano
Sacrificando estás de injúria gafo:

Eu declaro quem és, eu já te estafo,
E com raivosas sátiras te esgano;
Depois mijando em ti, cuco magano,
Deixo os cabrões, e com os tafuis me safo:

Não me posso conter, e sem suborno,
Digo que és dos alferes lixo e borra,
Oh tu, que trazes militar adorno!

Ora quero aprontar antes que morra
Dois mimos;  para ti, corno e mais corno;
Para tua mulher, porra e mais porra.

domingo, 7 de novembro de 2010

A medida para o malho

Gregório de Matos (1633-1696)

                                           Mote: Não quero mais do que tenho.



A medida para o malho,

Pela taxa da Cafeira,

Que tem do malho a craveira,

São dois palmos de caralho:

Não quer nisto dar um talho,

E eu zombo do seu empenho,

Pois tendo um palmo de lenho,

Com que outras putas desalmo,

Inda que tenha um só palmo,

Não quero mais do que tenho.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Amor em japonês

Eliakin Rufino



Aí você me convidou
para beber saquê
e eu saquei seu astral.

Percebi
que nós íamos ter
uma noite oriental.

Retirei do quarto a cama
arranjei um ikebana
escrevi um haikai.

Arrumei o tatami
fiz um origami
podei o bonsai.

Acendi a lanterna
esquentei o saquê
servi o sushi.

O cheiro do incenso
até parecia
que o Japão é aqui.

O vento do outono
abriu teu quimono
pela primeira vez.

Bebendo saquê
fizemos amor
em japonês.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Trepada trepidante

Eduardo Kac



quando você me chupa toda
eu adoro te beijar
e respirar na tua boca
cheiro de xereca

uma lambida de lambuja
uma linguada na libido
eu quero tudo que é proibido

molha o meu cu a tua língua
o prazer não conhece o nojo
e eu te beijo em pleno gozo

uma lambida de lambuja
uma linguada na libido
eu quero tudo que é proibido

Aaaiiiii..., que trepada tttrrreeepppiiidddaaannnttteee

Voyeurs desde o Natal de 2009