Amigos da Alcova

domingo, 19 de novembro de 2017

Araras versáteis



Hilda Hilst (1930-2004)


Araras versáteis. Prato de anêmonas.
O efebo passou entre as meninas trêfegas.
O rombudo bastão luzia na mornura das calças e do dia.
Ela abriu as coxas de esmalte, louça e umedecida laca
E vergastou a cona com minúsculo açoite.
O moço ajoelhou-se esfuçando-lhe os meios
E uma língua de agulha, de fogo, de molusco
Empapou-se de mel nos refolhos robustos.
Ela gritava um êxtase de gosmas e de lírios
Quando no instante alguém
Numa manobra ágil de jovem marinheiro
Arrancou do efebo as luzidias calças
Suspendeu-lhe o traseiro e aaaaaiiiii…
E gozaram os três entre os pios dos pássaros
Das araras versáteis e das meninas trêfegas.


domingo, 5 de novembro de 2017

Limeiriques


Bráulio Tavares


1
Era uma vez um rapaz de Caruaru
que era doido pra comer o próprio cu.
Dizia, fora de si:
“Pra que um pau em forma de ‘I’?
Pra alcançar o ‘O’, tinha que ser um ‘U’!!!”

2
Era uma vez uma moça de Cuba
desse tipo que apenas se masturba;
Dizia: “o ato sexual
só é aceitável e normal
a sós – a dois, já é suruba!”

3
Havia uma moça chamada Virgínia
que foi trepar com um crioulão da Abissínia.
Muito vaidoso ele ficou
pensando que a deflorou...
mas apenas esqueceu de tirar-lhe a calcinha!

4
Havia um cangaceiro chamado Corisco
machão, sisudo, cabreiro e arisco.
Dormia ao lado de Lampião
pegando seu pau com a mão...
para saber que não corria nenhum risco.

5
Pra cultivar o limeirique
basta ter rimas raras, muito pique,
boa noção de suspense
dois dedinhos de nonsense
e uma mente turpilóquia (SIC).

Voyeurs desde o Natal de 2009