Nei Leandro de Castro
Eram duas amigas muito boas
que botavam aranhas pra brigar.
Saíam de mãos dadas, bem à toa,
indo juntinhas a qualquer lugar.
Uma era jovem, a outra uma coroa
calçada em sapatões pra caminhar.
Nem ligavam às maldizentes loas
dos machões, que falavam ao passar
por elas, muito embevecidas, lindas,
olhos nos olhos, a paixão infinda
tão deslumbrante como o amor das rosas.
De noite, entre suspiros e artimanhas,
ficavam nuazinhas. E as aranhas
comiam-se nas teias pegajosas.