Amigos da Alcova

domingo, 24 de outubro de 2010

Soneto

François de Malherbe (1555-1628)



Quinze anos eu passara, os primeiros da vida,
Sem ter sabido nunca o que era esse furor
Em que a dança do cu deixa na alma um torpor
Após a ânsia viril na cona ser remida.

Não que a morte tão doce e tão apetecida
Não me impelisse um forte, juvenil ardor,
Mas o membro que eu tinha, embora lutador
Não chegava a deixar a Dama bem servida.

Trabalho desde então com pertinácia rara
Por compensar a perda e o tempo que não pára,
Pois o sol no Poente ameaça os meus dias.

Oh Deus, venho rogar-te, meu zelo ajudai:
Para tão doce agir, meus anos alongai
Ou devolvei-me o tempo em que inda eu não fodia!


(Trad. José Paulo Paes)

Voyeurs desde o Natal de 2009