Amigos da Alcova

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eu vi um muiraquitã

João Sebastião



               I


Eu vi um muiraquitã
no colo duma caboca.

Aquele bicho verdoso
era promessa de foda,

de foda duma caboca
de corpo mui feiticeiro

peitos, ancas, coxas, bunda
– nada falto, tudo farto –

amazona dos meus sonhos
princesa dos meus desejos.

Meu cacete latejou.
Tomou-me uma ânsia louca:

dominar aquele corpo
viajar naquela dona

me lambuzar no seu mel
me afogar na sua cona

lamber-lhe a flor do cuzinho
me derreter de carinho

e no auge da agonia
esporrar na sua boca.


               II


Como um lobo solitário
acerquei-me da potranca.

Uns cinco chopes depois
somos amigos de infância.

A língua que me lambia
os lábios que me chupavam

os dentes que me mordiam
os braços que me prendiam

os membros se confundindo
no doce embate dos corpos:

pau no cu, pau na boceta
e enfim o gozo gritado!

Um banho reconfortante
e a caboca estava intata

insaciável, sedenta
esfregando em minha cara

boca, língua, cu, boceta
– e eu só língua, dedo e pau...

A refrega enfim se finda
com os corpos desfalecidos...


               III


Na hora do desenlace
a caboca desatou

de seu colo de bacaba
a pedra muiraquitã

e prendeu-a em meu pescoço
dizendo que voltaria

desde que eu estivesse usando
aquele símbolo mago.

Lambeu-me a cara e os mamilos
e beijou o muiraquitã.

Passaram-se já 3 anos
e a malvada não voltou...

Não há um dia que passe
sem que eu lembre da caboca;

sem eu lembre da mulher
da foda mais prazerosa;

sem que eu lembre da alegria
que eu senti quando, um dia,

no colo duma caboca
eu vi um muiraquitã.

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