João Sebastião
I
Eu vi um muiraquitã
no colo duma caboca.
Aquele bicho verdoso
era promessa de foda,
de foda duma caboca
de corpo mui feiticeiro
peitos, ancas, coxas, bunda
– nada falto, tudo farto –
amazona dos meus sonhos
princesa dos meus desejos.
Meu cacete latejou.
Tomou-me uma ânsia louca:
dominar aquele corpo
viajar naquela dona
me lambuzar no seu mel
me afogar na sua cona
lamber-lhe a flor do cuzinho
me derreter de carinho
e no auge da agonia
esporrar na sua boca.
II
Como um lobo solitário
acerquei-me da potranca.
Uns cinco chopes depois
somos amigos de infância.
A língua que me lambia
os lábios que me chupavam
os dentes que me mordiam
os braços que me prendiam
os membros se confundindo
no doce embate dos corpos:
pau no cu, pau na boceta
e enfim o gozo gritado!
Um banho reconfortante
e a caboca estava intata
insaciável, sedenta
esfregando em minha cara
boca, língua, cu, boceta
– e eu só língua, dedo e pau...
A refrega enfim se finda
com os corpos desfalecidos...
III
Na hora do desenlace
a caboca desatou
de seu colo de bacaba
a pedra muiraquitã
e prendeu-a em meu pescoço
dizendo que voltaria
desde que eu estivesse usando
aquele símbolo mago.
Lambeu-me a cara e os mamilos
e beijou o muiraquitã.
Passaram-se já 3 anos
e a malvada não voltou...
Não há um dia que passe
sem que eu lembre da caboca;
sem eu lembre da mulher
da foda mais prazerosa;
sem que eu lembre da alegria
que eu senti quando, um dia,
no colo duma caboca
eu vi um muiraquitã.