Amigos da Alcova

terça-feira, 16 de março de 2010

A mulata quando fode

Laurindo Rabelo (1826-1864)



Mote:
A mulata, quando fode,
parece querer voar!
Glosas:

                    I


Não há máquina que mais rode,
Tão ligeira e tão sutil,
Como seja no Brasil
A mulata quando fode.
Segure-se bem quem pode
Quem com ela fornicar,
Que a mulata a rebolar
Com o vento dos colhões,
Toma certos furacões,
Parece querer voar!


                    II


Aqui d'El-Rei! Quem me acode?
Que já me sinto morrer!
É o que costuma a dizer
A mulata quando fode.
Ela toda se sacode,
Vem abaixo e sobe ao ar;
E no seu espanejar
Desfaz-se toda em gemidos,
Perde a cor, perde os sentidos,
Parece querer voar!


                    III


Dá de rabo, quando pode,
Já se apressa, já demora,
Vira os olhos, geme, chora,
A mulata quando fode.
Ela faz que o cono rode
Como um fuso e sem parar,
Desce à terra, sobe ao ar,
Chupa a língua, dá dentada,
E, em luxúria banhada,
Parece querer voar!


                    IV


Neste mundo ninguém pode,
Nem os melhores pintores,
Retratar com vivas cores
A mulata quando fode;
Não há poema nem ode
Que a tanto possa chegar;
Só se pode exp'rimentar
Da mulatinha o trabalho,
Quando em cima do caralho
Parece querer voar!

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