Amigos da Alcova

domingo, 2 de julho de 2023

Cantares de Sulamita

 

Dalton Trevisan

 

Cantar 1

 

Se você não me agarrar todinha

aqui agora mesmo

só me resta morrer

 

se não abrir minha blusa

violento e carinhoso

me sugar o biquinho dos seios

por certo hei de morrer

 

estou certa perdidamente certa

se não me der uns bofetões estalados

não morder meus lábios

não me xingar de puta

já já hei de morrer

 

bata morda xingue por favor

morrerei querido morrerei

se você não deslizar a mão direita

sob a minha calcinha

murmurando gentilmente palavras porcas

sem dúvida hei de morrer

 

também certa a minha morte

se você não acariciar o meu púbis de Vênus

com o terceiro quirodáctilo

já caio morta de costas

defuntinha

toda morta de morte matada

 

morrerei gemendo chorando se você titilar

a pérola na concha bivalve

morrerei na fogueira aos gritos

se não o fizer

 

amado meu escuta

se você não me ninar com cafuné

me fungar no cangote

mordiscar as bochechas da nalga

me lamber o mindinho do pé esquerdo

juro que hei de morrer

certo é o meu fim

 

te peço te suplico

meu macho meu rei meu cafetão

eu faço tudo o que você mandar

até o que a putinha de rua tem vergonha

 

eu fico toda nua

de joelho descabelada na tua cama

eu fico bem rampeira

ao gazeio da tua flauta de mel

eu fico toda louca

aos golpes certeiros do teu ferrão de fogo

ereto duro mortal

 

ó meu santinho meu puto meu bem-querido

se você não me estuprar

agora agorinha mesmo

sem falta hei de morrer

 

se não me currar

em todas as posições indecentes

desde o cabelo até a unha do pé

taradão como só você

é certo que faleci me finei

todinha morta

 

se não me crucificar

entre beijos orgasmos tabefes

só me cabe morrer

minha morte é fatal

de sete mortes morrida

mortinha de amor é Sulamita



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