Amigos da Alcova

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A carnal tentação desenfreada

Nicolau Tolentino (1740-1811)



A carnal tentação desenfreada
Que ao sangue quente alta justiça pede,
Fez com que eu, embrulhando-me na rede,
Subisse de uma puta a infame escada.


Ligeiras pulgas saltam de emboscada
Fartando em mim de sangue humano a sede;
Arde a vela pregada na parede,
Já de antigos morrões afogueada.


Saiu da alcova a desgrenhada fúria
Respirando venal sensualidade,
Vil desalinho, sórdida penúria:


Muito pode a pobreza e a porquidade;
Abati as bandeiras à luxúria,
Jurei no altar de Vênus castidade.

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