Paulo Franchetti
Mordendo o próprio rabo a pescadinha
É servida em Lisboa, pelas tascas;
Haja sol, faça frio, uivem borrascas,
E comida, co’o rabo na boquinha.
Ali encontrei u’a dona bem mesquinha,
Dos livros beliscando algumas lascas,
De alguns velhos papéis roendo as cascas,
Até julgar-se em seu saber rainha.
E era tão feia, que nem para freira
Servira. E escrota de corpo e tão fera
De humor, que alguém lhe disse um dia: “Espera!
Por que, ao invés de cuspir tanta asneira,
Já que ninguém te quer comer a cona,
Não tapas co’a bundinha essa bocona?”