Amigos da Alcova

sábado, 3 de janeiro de 2015

As Graças servem à mesa


Laurindo Rabelo (1826-1864)


Mote

As Graças servem à mesa,
Minerva toma lição,
Apollo toca o Bitu
Nas cordas do rabecão.


Glosa

Famosa e bela barraca
Lá no largo do Rossio
Foi, pelo nacional brio,
Feita com panos de maca;
Do candeeiro à luz fraca,
Quase sempre mal acesa,
Vê-se que, com gentileza,
Um pagode ali se arvora,
Onde, com o cu de fora,
As Graças servem à mesa.

Também por entre estas cenas
Da nação vê-se o Tesouro
Qual um menino de coro,
Vendo as partes obscenas
Daquelas machas pequenas
Que, em tão bela posição,
Té podem fazer tesão
À criancinha inocente,
A quem, qual mestra prudente,
Minerva toma lição.

Vendo esta cena tão grata,
Das Musas o velho pai
Aflito do Pindo sai,
Julgando encontrar mamata;
Mal chega, as calças desata,
Tira as vestes, põe-se nu,
Das Graças aperta o cu,
E, arreitado ficando,
Em um rabecão pegando,
Apolo toca o Bitu.

Minerva, coçando o sundo,
De ensinar deixa o menino,
E agarrar quer no pepino
Do louro Apolo jucundo;
E, volvendo o cu rotundo,
Com fremente arreitação,
Deixa a música de mão,
Tira o menino do colo,
E faz esporrar-se Apolo
Nas cordas do rabecão.


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