Laurindo Rabelo (1826-1864)
Mote
As Graças servem à mesa,
Minerva toma lição,
Apollo toca o Bitu
Nas cordas do rabecão.
Glosa
Famosa
e bela barraca
Lá
no largo do Rossio
Foi,
pelo nacional brio,
Feita
com panos de maca;
Do
candeeiro à luz fraca,
Quase
sempre mal acesa,
Vê-se
que, com gentileza,
Um
pagode ali se arvora,
Onde,
com o cu de fora,
As Graças servem à mesa.
Também
por entre estas cenas
Da
nação vê-se o Tesouro
Qual
um menino de coro,
Vendo
as partes obscenas
Daquelas
machas pequenas
Que,
em tão bela posição,
Té
podem fazer tesão
À
criancinha inocente,
A
quem, qual mestra prudente,
Minerva toma lição.
Vendo
esta cena tão grata,
Das
Musas o velho pai
Aflito
do Pindo sai,
Julgando
encontrar mamata;
Mal
chega, as calças desata,
Tira
as vestes, põe-se nu,
Das
Graças aperta o cu,
E,
arreitado ficando,
Em
um rabecão pegando,
Apolo toca o Bitu.
Minerva,
coçando o sundo,
De
ensinar deixa o menino,
E
agarrar quer no pepino
Do
louro Apolo jucundo;
E,
volvendo o cu rotundo,
Com
fremente arreitação,
Deixa
a música de mão,
Tira
o menino do colo,
E
faz esporrar-se Apolo
Nas cordas do rabecão.