Amigos da Alcova

sábado, 19 de novembro de 2011

Soneto XXXI

Antônio Lobo de Carvalho (1730-1787)

Parodiando o soneto em que João Xavier de Matos descreve o templo d’Amor,
“No templo entrei d’Amor e inda gelado”



Fui uma vez d’Amor à sacristia,
que era um quarto interior do Talaveiras,
e vi trinta milhões de alcoviteiras,
inculcando a safada putaria:

De chichisbéus a tropa ali se via
encrespando os anéis das cabeleiras,
e descendo-lhe o vinho às algibeiras
davam cada facada, que estrugia:

O manso corno então se vai embora,
de Albarda o chichisbéu vi, que trabalha
por servir como burro a uma senhora:

No teto estava Amor de escudo e malha,
com seis vinténs na mão, e a pica fora
Mijando em toda aquela vil canalha.


Chichisbéu: paquerador; metido a gostoso.

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