Sandra Terra
trepo com tudo
e com todos
tarada por opção
gozo gozo gozo
e nunca perco o tesão
domingo, 28 de fevereiro de 2010
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Vá pra puta que o pariu!
Laurindo Rabelo (1826-1864)
Mote:
Vá pra puta que o pariu!
Glosa
Certa sujeita do paço
Um amante namorava,
Com quem se punheteava,
Com todo o desembaraço;
Ele quis ir-lhe ao cabaço
Mas ela lhe retorquiu:
“Gentes, pois já se viu?
Arre lá, arrede a trouxa!
Se já não lhe serve a coxa,
Vá pra puta que o pariu!”
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Certa mulher de um Marquês
Laurindo Rabelo (1826-1864)
Certa mulher de um Marquês
Fodi por coisa nenhuma,
Mas fodi somente uma,
Deus me livre de outra vez!
A tal putinha me fez
Na porra tal desatino,
Com seu rebolar malino
Pôs-me a mente tão corrupta
Que julguei no cu da puta
Encontrar o Palatino!
Certa mulher de um Marquês
Fodi por coisa nenhuma,
Mas fodi somente uma,
Deus me livre de outra vez!
A tal putinha me fez
Na porra tal desatino,
Com seu rebolar malino
Pôs-me a mente tão corrupta
Que julguei no cu da puta
Encontrar o Palatino!
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
sábado, 20 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
A cópula
Manuel Bandeira (1886-1968)
Depois de lhe beijar meticulosamente
o cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce,
o moço exibe à moça a bagagem que trouxe:
culhões e membro, um membro enorme e turgescente.
Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinenti,
Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se.
Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alteou-se
E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente
Que vai morrer: – “Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!”
Grita para o rapaz que, aceso como um diabo,
Arde em cio e tesão na amorosa gangorra
E titilando-a nos mamilos e no rabo
(Que depois irá ter sua ração de porra),
lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo.
Depois de lhe beijar meticulosamente
o cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce,
o moço exibe à moça a bagagem que trouxe:
culhões e membro, um membro enorme e turgescente.
Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinenti,
Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se.
Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alteou-se
E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente
Que vai morrer: – “Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!”
Grita para o rapaz que, aceso como um diabo,
Arde em cio e tesão na amorosa gangorra
E titilando-a nos mamilos e no rabo
(Que depois irá ter sua ração de porra),
lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
O elixir do pajé
Bernardo Guimarães (1825-1884)
Que tens, caralho, que pesar te oprime
Que assim te vejo murcho e cabisbaixo,
Sumido entre essa imensa pentelheira,
Mole, caindo pela perna abaixo?
Nessa postura merencória e triste,
Para trás tanto vergas o focinho,
Que cuido vais beijar, lá no traseiro,
Teu sórdido vizinho!
Que é feito desses tempos gloriosos
Em que erguias as guelras inflamadas,
Na barriga me dando de contínuo
Tremendas cabeçadas?
Qual hidra furiosa, o colo alçando,
Co’a sanguinosa crista açoita os mares,
E sustos derramando
Por terras e por mares,
Aqui e além atira mortais botes,
Dando co’a cauda horríveis piparotes,
Assim tu, ó caralho,
Erguendo o teu vermelho cabeçalho,
Faminto e arquejante,
Dando em vão rabanadas pelo espaço,
Pedias um cabaço!
Um cabaço! Que era este o único esforço,
Única empresa digna dos teus brios;
Porque surradas conas e punhetas
São ilusões, são petas,
Só dignas de caralhos doentios.
Quem extinguiu-te assim o entusiasmo?
Quem sepultou-te nesse vil marasmo?
Acaso p’ra teu tormento,
Endefluxou-te algum esquentamento?
Ou em pívias estéreis te cansaste,
Ficando reduzido a inútil traste?
Por ventura do tempo a destra irada
Quebrou-te as forças, envergou-te o colo,
E assim deixou-te pálido e pendente,
Olhando para o solo,
Bem como inútil lâmpada apagada
Entre duas colunas pendurada?
Caralho sem tesão é fruta chocha,
Sem gosto nem cheirume,
Linguiça com bolor, banana podre,
É lampião sem lume,
Teta que não dá leite,
Balão sem gás, candeia sem azeite.
Porém não é tempo ainda
De esmorecer,
Pois que teu mal ainda pode
Alívio ter.
Sus, ó caralho meu, não desanimes,
Que inda novos combates e vitórias
E mil brilhantes glórias
A ti reserva o fornicante Marte,
Que tudo vencer pode co’engenho e arte.
Eis um santo elixir miraculoso,
Que vem de longes terras,
Transpondo montes, serras,
E a mim chegou por modo misterioso.
Um pajé sem tesão, um nigromante
Das matas de Goiás,
Sentindo-se incapaz
De bem cumprir a lei do matrimônio,
Foi ter com o demônio,
A lhe pedir conselho
Para dar-lhe vigor ao aparelho,
Que já de encarquilhado,
De velho e de cansado,
Quase lhe sumia entre o pentelho.
À meia-noite, à luz da lua nova,
Co’os manitós falando em uma cova,
Ao som de atroz conjuro e negra praga,
Compôs esta triaga
De plantas cabalísticas colhidas
por suas próprias mãos às escondidas.
Esse velho pajé de piça mole,
Com uma gota desse feitiço,
Sentiu de novo renascer os brios
De seu velho chouriço!
E ao som das inúbias,
Ao som do boré,
Na taba ou na brenha,
Deitado ou de pé,
No macho ou na fêmea,
De noite ou de dia,
Fodendo se via
O velho pajé!
Se acaso ecoando
Na mata sombria,
Medonho se ouvia
O som do boré
Dizendo: – “Guerreiros,
Ó vinde ligeiros,
Que à guerra vos chama
Feroz aimoré”,
– Assim respondia
O velho pajé,
Brandindo o caralho,
Batendo c’o pé:
– “Mas neste trabalho,
Dizei, minha gente,
Mais forte quem é?
Quem vibra o marsapo
Com mais valentia?
Quem conas enfia
Com tanta destreza?
Quem fura cabaços
Com mais gentileza?”
E ao som das inúbias,
Ao som do boré,
Na taba ou na brenha,
Deitado ou de pé,
No macho ou na fêmea,
Fodia o pajé.
Se a inúbia soando
Por vales e outeiros,
À dança sagrada
Chamava os guerreiros,
De noite ou de dia,
Ninguém jamais via
O velho pajé,
Que sempre fodia
Na taba ou na brenha,
No macho ou na fêmea,
Deitado ou de pé,
E o duro marsapo,
Que sempre fodia,
Qual rijo tacape
A nada cedia!
Vassoura terrível
Dos cus indianos,
Por anos e anos
Fodendo passou,
Levando de rojo
Donzelas e putas,
No seio das grutas
Fodendo acabou!
E com sua morte
Milhares de gretas
Fazendo punhetas
Saudosas deixou...
Feliz caralho meu, exulta, exulta!
Tu que aos conos fizeste guerra viva,
E nas guerras de amor criaste calos,
Eleva a fronte altiva;
Em triunfo sacode hoje os badalos;
Alimpa esse bolor, lava essa cara,
Que a Deusa dos amores,
Já pródiga em favores,
Hoje novos triunfos te prepara.
Graças ao santo elixir
Que herdei do pajé bandalho,
Vai hoje ficar em pé
O meu cansado caralho!
Vinde, ó putas e donzelas,
Vinde abrir as vossas pernas
Ao meu tremendo marsapo,
Que a todas, feias ou belas,
Com caralhadas eternas
Porei as cricas em trapo...
Graças ao santo elixir
Que herdei do pajé bandalho,
Vai hoje ficar em pé
O meu cansado caralho!
Sus, caralho! Este elixir
Ao combate hoje te chama
E de novo ardor te inflama
Para as campanhas do amor!
Não mais ficarás à-toa
Nesta indolência tamanha,
Criando teias de aranha,
Cobrindo-te de bolor...
Este elixir milagroso,
O maior mimo da terra,
Com uma só gota encerra
Quinze dias de tesão...
Do macróbio centenário
Ao esquecido marsapo,
Que já mole como um trapo,
Nas pernas balança em vão,
Dá tal força e valentia
Que só com uma estocada
Põe a porta escancarada
Do mais rebelde cabaço,
E pode um cento de fêmeas
Foder de fio a pavio,
Sem nunca sentir cansaço...
Eu te adoro, água divina,
Santo elixir da tesão,
Eu te dou meu coração,
Eu te entrego a minha porra!
Faze que ela, sempre tesa,
E em tesão sempre crescendo,
Sem cessar viva fodendo,
Até que fodendo morra!
Sim, faze que este caralho,
Por tua santa influência,
A todos vença em potência,
E, com gloriosos abonos,
Seja logo proclamado
Vencedor de cem mil conos...
E seja em todas as rodas
D’hoje em diante respeitado
Como herói de cem mil fodas,
Por seus heróicos trabalhos,
Eleito – rei dos caralhos!
Que tens, caralho, que pesar te oprime
Que assim te vejo murcho e cabisbaixo,
Sumido entre essa imensa pentelheira,
Mole, caindo pela perna abaixo?
Nessa postura merencória e triste,
Para trás tanto vergas o focinho,
Que cuido vais beijar, lá no traseiro,
Teu sórdido vizinho!
Que é feito desses tempos gloriosos
Em que erguias as guelras inflamadas,
Na barriga me dando de contínuo
Tremendas cabeçadas?
Qual hidra furiosa, o colo alçando,
Co’a sanguinosa crista açoita os mares,
E sustos derramando
Por terras e por mares,
Aqui e além atira mortais botes,
Dando co’a cauda horríveis piparotes,
Assim tu, ó caralho,
Erguendo o teu vermelho cabeçalho,
Faminto e arquejante,
Dando em vão rabanadas pelo espaço,
Pedias um cabaço!
Um cabaço! Que era este o único esforço,
Única empresa digna dos teus brios;
Porque surradas conas e punhetas
São ilusões, são petas,
Só dignas de caralhos doentios.
Quem extinguiu-te assim o entusiasmo?
Quem sepultou-te nesse vil marasmo?
Acaso p’ra teu tormento,
Endefluxou-te algum esquentamento?
Ou em pívias estéreis te cansaste,
Ficando reduzido a inútil traste?
Por ventura do tempo a destra irada
Quebrou-te as forças, envergou-te o colo,
E assim deixou-te pálido e pendente,
Olhando para o solo,
Bem como inútil lâmpada apagada
Entre duas colunas pendurada?
Caralho sem tesão é fruta chocha,
Sem gosto nem cheirume,
Linguiça com bolor, banana podre,
É lampião sem lume,
Teta que não dá leite,
Balão sem gás, candeia sem azeite.
Porém não é tempo ainda
De esmorecer,
Pois que teu mal ainda pode
Alívio ter.
Sus, ó caralho meu, não desanimes,
Que inda novos combates e vitórias
E mil brilhantes glórias
A ti reserva o fornicante Marte,
Que tudo vencer pode co’engenho e arte.
Eis um santo elixir miraculoso,
Que vem de longes terras,
Transpondo montes, serras,
E a mim chegou por modo misterioso.
Um pajé sem tesão, um nigromante
Das matas de Goiás,
Sentindo-se incapaz
De bem cumprir a lei do matrimônio,
Foi ter com o demônio,
A lhe pedir conselho
Para dar-lhe vigor ao aparelho,
Que já de encarquilhado,
De velho e de cansado,
Quase lhe sumia entre o pentelho.
À meia-noite, à luz da lua nova,
Co’os manitós falando em uma cova,
Ao som de atroz conjuro e negra praga,
Compôs esta triaga
De plantas cabalísticas colhidas
por suas próprias mãos às escondidas.
Esse velho pajé de piça mole,
Com uma gota desse feitiço,
Sentiu de novo renascer os brios
De seu velho chouriço!
E ao som das inúbias,
Ao som do boré,
Na taba ou na brenha,
Deitado ou de pé,
No macho ou na fêmea,
De noite ou de dia,
Fodendo se via
O velho pajé!
Se acaso ecoando
Na mata sombria,
Medonho se ouvia
O som do boré
Dizendo: – “Guerreiros,
Ó vinde ligeiros,
Que à guerra vos chama
Feroz aimoré”,
– Assim respondia
O velho pajé,
Brandindo o caralho,
Batendo c’o pé:
– “Mas neste trabalho,
Dizei, minha gente,
Mais forte quem é?
Quem vibra o marsapo
Com mais valentia?
Quem conas enfia
Com tanta destreza?
Quem fura cabaços
Com mais gentileza?”
E ao som das inúbias,
Ao som do boré,
Na taba ou na brenha,
Deitado ou de pé,
No macho ou na fêmea,
Fodia o pajé.
Se a inúbia soando
Por vales e outeiros,
À dança sagrada
Chamava os guerreiros,
De noite ou de dia,
Ninguém jamais via
O velho pajé,
Que sempre fodia
Na taba ou na brenha,
No macho ou na fêmea,
Deitado ou de pé,
E o duro marsapo,
Que sempre fodia,
Qual rijo tacape
A nada cedia!
Vassoura terrível
Dos cus indianos,
Por anos e anos
Fodendo passou,
Levando de rojo
Donzelas e putas,
No seio das grutas
Fodendo acabou!
E com sua morte
Milhares de gretas
Fazendo punhetas
Saudosas deixou...
Feliz caralho meu, exulta, exulta!
Tu que aos conos fizeste guerra viva,
E nas guerras de amor criaste calos,
Eleva a fronte altiva;
Em triunfo sacode hoje os badalos;
Alimpa esse bolor, lava essa cara,
Que a Deusa dos amores,
Já pródiga em favores,
Hoje novos triunfos te prepara.
Graças ao santo elixir
Que herdei do pajé bandalho,
Vai hoje ficar em pé
O meu cansado caralho!
Vinde, ó putas e donzelas,
Vinde abrir as vossas pernas
Ao meu tremendo marsapo,
Que a todas, feias ou belas,
Com caralhadas eternas
Porei as cricas em trapo...
Graças ao santo elixir
Que herdei do pajé bandalho,
Vai hoje ficar em pé
O meu cansado caralho!
Sus, caralho! Este elixir
Ao combate hoje te chama
E de novo ardor te inflama
Para as campanhas do amor!
Não mais ficarás à-toa
Nesta indolência tamanha,
Criando teias de aranha,
Cobrindo-te de bolor...
Este elixir milagroso,
O maior mimo da terra,
Com uma só gota encerra
Quinze dias de tesão...
Do macróbio centenário
Ao esquecido marsapo,
Que já mole como um trapo,
Nas pernas balança em vão,
Dá tal força e valentia
Que só com uma estocada
Põe a porta escancarada
Do mais rebelde cabaço,
E pode um cento de fêmeas
Foder de fio a pavio,
Sem nunca sentir cansaço...
Eu te adoro, água divina,
Santo elixir da tesão,
Eu te dou meu coração,
Eu te entrego a minha porra!
Faze que ela, sempre tesa,
E em tesão sempre crescendo,
Sem cessar viva fodendo,
Até que fodendo morra!
Sim, faze que este caralho,
Por tua santa influência,
A todos vença em potência,
E, com gloriosos abonos,
Seja logo proclamado
Vencedor de cem mil conos...
E seja em todas as rodas
D’hoje em diante respeitado
Como herói de cem mil fodas,
Por seus heróicos trabalhos,
Eleito – rei dos caralhos!
domingo, 14 de fevereiro de 2010
A origem do mênstruo
Bernardo Guimarães (1825-1884)
’Stava Vênus gentil junto da fonte
Fazendo o seu pentelho,
Com todo o jeito, p’ra que não ferisse
Das cricas o aparelho.
Tinha que dar o cu naquela noite
Ao grande pai Anquises,
O qual, com ela, se não mente a fama,
Passou dias felizes...
Rapava bem o cu, pois resolvia
Na mente altas ideias:
– Ia gerar naquela heróica foda
O grande e pio Eneias.
Mas a navalha tinha o fio rombo,
E a deusa, que gemia,
Arrancava os pentelhos e, peidando,
Caretas mil fazia!
Nesse entretanto a ninfa Galateia,
Acaso ali passava,
E vendo a deusa assim tão agachada,
Julgou que ela cagava...
Essa ninfa travessa e petulante
Era de gênio mau,
e por pregar um susto à mãe do Amor
Atira-lhe um calhau...
Vênus se assusta. A branca mão mimosa
Se agita alvoroçada,
E no cono lhe prega (oh! caso horrendo!)
Tremenda navalhada.
Da nacarada cona, em sutil fio,
Corre purpúrea veia,
E nobre sangue do divino cono
as águas purpureia...
(É fama que quem bebe dessas águas
Jamais perde a tesão
E é capaz de foder noites e dias,
Até no cu de um cão!)
– “Ora porra” – gritou a deusa irada,
E nisso o rosto volta...
E a ninfa, que conter-se não podia,
Uma risada solta.
A travessa menina mal pensava
Que, com tal brincadeira,
Ia ferir a mais mimosa parte
Da deusa regateira...
– “Estou perdida!” – trêmula murmura
A pobre Galateia,
vendo o sangue correr do róseo cono
Da poderosa deia...
Mas era tarde! A Cípria, furibunda,
Por um momento a encara,
E, após instantes, com severo acento,
Nesse clamor dispara:
“Vê! Que fizeste, desastrada ninfa,
Que crime cometeste!
Que castigo há no céu, que punir possa
Um crime como este?!
Assim, por mais de um mês inutilizas
O vaso das delícias...
E em que hei de gastar das longas noites
As horas tão propícias?
Ai! Um mês sem foder! Que atroz suplício...
Em mísero abandono,
Que é que há de fazer, por tanto tempo,
Este faminto cono?...
Ó Adônis! Ó Júpiter potentes!
E tu, Mavorte invito!
E tu, Aquiles! Acudi de pronto
Da minha dor ao grito!
Este vaso gentil que eu tencionava
Tornar bem fresco e limpo
Para recreio e divinal regalo
Dos deuses do Alto Olimpo.
Vede seu triste estado, ó! Que esta vida
Em sangue já se esvai-me!
Ó Zeus, se desejais ter foda certa
Vingai-vos e vingai-me!
Ó ninfa, o cono teu sempre atormente
Perpétuas comichões,
E não aches jamais quem nele queira
Vazar os seus colhões...
Em negra podridão imundos vermes
Roam-te sempre a crica
E à vista dela sinta-se banzeira
A mais valente pica!
De eterno esquentamento flagelada,
Verta fétidos jorros,
Que causem tédio e nojo a todo mundo,
Até mesmo aos cachorros!”
Ouviu-lhe estas palavras piedosas
Do Olimpo o Grão Tonante,
Que em pívia ao sacana do Cupido
Comia nesse instante...
Comovido no íntimo do peito,
Das lástimas que ouviu,
manda ao menino que, de pronto, acuda
À puta que o pariu...
Ei-lo que, pronto, tange o veloz carro
De concha alabastrina,
Que quatro aladas porras vão tirando
Na esfera cristalina.
Cupido que as conhece e as rédeas bate
Da rápida quadriga,
Co’a voz ora as alenta, ora co’a ponta
Das setas as fustiga.
Já desce aos bosques, onde a mãe, aflita,
Em mísera agonia,
Com seu sangue divino o verde musgo
De púrpura tingia...
No carro a toma e num momento chega
À olímpica morada,
Onde a turba dos deuses, reunida,
A espera consternada!
Já Mercúrio de emplastros se a aparelha
Para a venérea chaga,
Feliz porque naquele curativo
Espera certa a paga...
Vulcano, vendo o estado da consorte,
Mil pragas vomitou...
Marte arranca um suspiro que as abóbadas
Celestes abalou...
Sorriu o furto a ciumenta Juno,
Lembrando o antigo pleito,
E Palas, orgulhosa lá consigo,
Resmoneou: – “Bem-feito!”
Coube a Apolo lavar dos roxos lábios
O sangue que escorria,
E de tesão terrível assaltado,
Conter-se mal podia!
Mas, enquanto se faz o curativo,
Em seus divinos braços,
Jove sustém a filha, acalentando-a
Com beijos e com abraços.
Depois, subindo ao trono luminoso,
Com carrancudo aspeto,
E erguendo a voz troante, fundamenta
E lavra este DECRETO:
– “Suspende, ó filha, os lamentos justos
Por tão atroz delito,
Que no tremendo Livro do Destino
De há muito estava escrito.
Desse ultraje feroz será vingado
O teu divino cono,
E as imprecações que fulminaste
Agora sanciono.
Mas, inda é pouco: – a todas as mulheres
Estenda-se o castigo
para expiar-te o crime que esta infame
Ousou para contigo...
Para punir tão bárbaro atentado,
Toda humana crica,
De hoje em diante, lá de tempo em tempo,
Escorra sangue em bica...
E por memória eterna chore sempre
O cono da mulher,
Com lágrimas de sangue, o caso infando,
Enquanto mundo houver...”
Amém! Amém! com voz atroadora
Os deuses todos urram!
E os ecos das olímpicas abóbadas,
Amém! Amém! sussurram...
(De uma fábula inédita de Ovídio, achada nas escavações de Pompeia
e vertida em latim vulgar por Simão de Nântua.)
’Stava Vênus gentil junto da fonte
Fazendo o seu pentelho,
Com todo o jeito, p’ra que não ferisse
Das cricas o aparelho.
Tinha que dar o cu naquela noite
Ao grande pai Anquises,
O qual, com ela, se não mente a fama,
Passou dias felizes...
Rapava bem o cu, pois resolvia
Na mente altas ideias:
– Ia gerar naquela heróica foda
O grande e pio Eneias.
Mas a navalha tinha o fio rombo,
E a deusa, que gemia,
Arrancava os pentelhos e, peidando,
Caretas mil fazia!
Nesse entretanto a ninfa Galateia,
Acaso ali passava,
E vendo a deusa assim tão agachada,
Julgou que ela cagava...
Essa ninfa travessa e petulante
Era de gênio mau,
e por pregar um susto à mãe do Amor
Atira-lhe um calhau...
Vênus se assusta. A branca mão mimosa
Se agita alvoroçada,
E no cono lhe prega (oh! caso horrendo!)
Tremenda navalhada.
Da nacarada cona, em sutil fio,
Corre purpúrea veia,
E nobre sangue do divino cono
as águas purpureia...
(É fama que quem bebe dessas águas
Jamais perde a tesão
E é capaz de foder noites e dias,
Até no cu de um cão!)
– “Ora porra” – gritou a deusa irada,
E nisso o rosto volta...
E a ninfa, que conter-se não podia,
Uma risada solta.
A travessa menina mal pensava
Que, com tal brincadeira,
Ia ferir a mais mimosa parte
Da deusa regateira...
– “Estou perdida!” – trêmula murmura
A pobre Galateia,
vendo o sangue correr do róseo cono
Da poderosa deia...
Mas era tarde! A Cípria, furibunda,
Por um momento a encara,
E, após instantes, com severo acento,
Nesse clamor dispara:
“Vê! Que fizeste, desastrada ninfa,
Que crime cometeste!
Que castigo há no céu, que punir possa
Um crime como este?!
Assim, por mais de um mês inutilizas
O vaso das delícias...
E em que hei de gastar das longas noites
As horas tão propícias?
Ai! Um mês sem foder! Que atroz suplício...
Em mísero abandono,
Que é que há de fazer, por tanto tempo,
Este faminto cono?...
Ó Adônis! Ó Júpiter potentes!
E tu, Mavorte invito!
E tu, Aquiles! Acudi de pronto
Da minha dor ao grito!
Este vaso gentil que eu tencionava
Tornar bem fresco e limpo
Para recreio e divinal regalo
Dos deuses do Alto Olimpo.
Vede seu triste estado, ó! Que esta vida
Em sangue já se esvai-me!
Ó Zeus, se desejais ter foda certa
Vingai-vos e vingai-me!
Ó ninfa, o cono teu sempre atormente
Perpétuas comichões,
E não aches jamais quem nele queira
Vazar os seus colhões...
Em negra podridão imundos vermes
Roam-te sempre a crica
E à vista dela sinta-se banzeira
A mais valente pica!
De eterno esquentamento flagelada,
Verta fétidos jorros,
Que causem tédio e nojo a todo mundo,
Até mesmo aos cachorros!”
Ouviu-lhe estas palavras piedosas
Do Olimpo o Grão Tonante,
Que em pívia ao sacana do Cupido
Comia nesse instante...
Comovido no íntimo do peito,
Das lástimas que ouviu,
manda ao menino que, de pronto, acuda
À puta que o pariu...
Ei-lo que, pronto, tange o veloz carro
De concha alabastrina,
Que quatro aladas porras vão tirando
Na esfera cristalina.
Cupido que as conhece e as rédeas bate
Da rápida quadriga,
Co’a voz ora as alenta, ora co’a ponta
Das setas as fustiga.
Já desce aos bosques, onde a mãe, aflita,
Em mísera agonia,
Com seu sangue divino o verde musgo
De púrpura tingia...
No carro a toma e num momento chega
À olímpica morada,
Onde a turba dos deuses, reunida,
A espera consternada!
Já Mercúrio de emplastros se a aparelha
Para a venérea chaga,
Feliz porque naquele curativo
Espera certa a paga...
Vulcano, vendo o estado da consorte,
Mil pragas vomitou...
Marte arranca um suspiro que as abóbadas
Celestes abalou...
Sorriu o furto a ciumenta Juno,
Lembrando o antigo pleito,
E Palas, orgulhosa lá consigo,
Resmoneou: – “Bem-feito!”
Coube a Apolo lavar dos roxos lábios
O sangue que escorria,
E de tesão terrível assaltado,
Conter-se mal podia!
Mas, enquanto se faz o curativo,
Em seus divinos braços,
Jove sustém a filha, acalentando-a
Com beijos e com abraços.
Depois, subindo ao trono luminoso,
Com carrancudo aspeto,
E erguendo a voz troante, fundamenta
E lavra este DECRETO:
– “Suspende, ó filha, os lamentos justos
Por tão atroz delito,
Que no tremendo Livro do Destino
De há muito estava escrito.
Desse ultraje feroz será vingado
O teu divino cono,
E as imprecações que fulminaste
Agora sanciono.
Mas, inda é pouco: – a todas as mulheres
Estenda-se o castigo
para expiar-te o crime que esta infame
Ousou para contigo...
Para punir tão bárbaro atentado,
Toda humana crica,
De hoje em diante, lá de tempo em tempo,
Escorra sangue em bica...
E por memória eterna chore sempre
O cono da mulher,
Com lágrimas de sangue, o caso infando,
Enquanto mundo houver...”
Amém! Amém! com voz atroadora
Os deuses todos urram!
E os ecos das olímpicas abóbadas,
Amém! Amém! sussurram...
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Obra-prima
Cairo Assis Trindade
Nada mais divino
do que um caralho
e uma buceta
se fodendo,
as bundas mexendo
e a porra escorrendo
gostoso...
Nada mais maravilhoso
do que dois corpos em um
instante de gozo.
Nada mais divino
do que um caralho
e uma buceta
se fodendo,
as bundas mexendo
e a porra escorrendo
gostoso...
Nada mais maravilhoso
do que dois corpos em um
instante de gozo.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Moralidade
Théophile Gautier (1811-1872)
Menina, sê ardente,
Mas prudente,
Se sentires calores
Sedutores
Embaixo do teu ventre.
Que não entre
Tua flor de donzela
Uma vela,
Pois logo o castiçal
– Por teu mal –
Lhe iria atrás, matreiro,
Quase inteiro.
Em templo tão estreito,
Vá com jeito
Teu dedo em sua gana,
E a membrana
Só rompa, do hímen teu,
O himeneu.
(Trad. José Paulo Paes)
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Cama suada
Danielle Mariam
Nada melhor
que uma boa transa
sentir
as entranhas encharcadas de esperma
a alma atolada de orgasmos
a boca calada por beijos
a pele impregnada de desejos
ouvir
sacanagens sussurradas no ouvido
gritos
choros
gemidos
entra e sai desesperados
braços
pernas
corpos desencontrados
Nada melhor
que uma boa transa
sentir
as entranhas encharcadas de esperma
a alma atolada de orgasmos
a boca calada por beijos
a pele impregnada de desejos
ouvir
sacanagens sussurradas no ouvido
gritos
choros
gemidos
entra e sai desesperados
braços
pernas
corpos desencontrados
Teu cheiro
Danielle Mariam
Brinca comigo o teu cheiro
envolvendo-me
masturbando-me
suicidando-me
Cheiro bom de pele molhada
suada depois da transa
gosto de pele curtida de sol
curtida por mim
Enrosca em mim o teu cheiro
penetra meus poros abertos
e fere como chibata
minha tarde
pálida e morna tarde
Brinca comigo o teu cheiro
envolvendo-me
masturbando-me
suicidando-me
Cheiro bom de pele molhada
suada depois da transa
gosto de pele curtida de sol
curtida por mim
Enrosca em mim o teu cheiro
penetra meus poros abertos
e fere como chibata
minha tarde
pálida e morna tarde
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Primeira canção à bunda
Nei Leandro de Castro
Mundo dividido
em dois hemisférios, mundo
cortado por um suave regato
e um poço profundo.
Animal semovente
animalzinho
que se arrepia
ao menor carinho.
Cálice redondo, invertido
embalado nas sedas
do vestido.
Todas as bundas:
a da Raimunda,
a feia feliz
que só precisa de plástica
no queixo e no nariz.
A bunda de estrias
da maternidade
que desdobrou fibra por fibra
em tenra idade.
Vê:
a bundinha marcada
pela branca cicatriz
em V
da tanguinha de nada,
virando-se ao sol
como um comestível girassol.
Bunda achatada, tristebunda,
nas cadeiras da burocracia
que jamais terá aumento:
bunda mais-valia.
Bumbum da secretária
particular
que faz o executivo
ejacular.
Bunda fabricada
de silicone
do andrógino que uiva
insone, à procura
do fuzileiro naval
que tem maus modos
mas não faz mal.
Bunda mulata, abundante
orgulho de qualquer amante.
Bunda incrível, mágica
irreal, cheia de arte,
que faz o velho sátiro
morrer de enfarte.
Bunda negra, negritude,
de ébano, dura,
natureza viva
sob a negra moldura.
Bunda, glútea redoma
que guarda todo o fogo
de Sodoma.
Mundo dividido
em dois hemisférios, mundo
cortado por um suave regato
e um poço profundo.
Animal semovente
animalzinho
que se arrepia
ao menor carinho.
Cálice redondo, invertido
embalado nas sedas
do vestido.
Todas as bundas:
a da Raimunda,
a feia feliz
que só precisa de plástica
no queixo e no nariz.
A bunda de estrias
da maternidade
que desdobrou fibra por fibra
em tenra idade.
Vê:
a bundinha marcada
pela branca cicatriz
em V
da tanguinha de nada,
virando-se ao sol
como um comestível girassol.
Bunda achatada, tristebunda,
nas cadeiras da burocracia
que jamais terá aumento:
bunda mais-valia.
Bumbum da secretária
particular
que faz o executivo
ejacular.
Bunda fabricada
de silicone
do andrógino que uiva
insone, à procura
do fuzileiro naval
que tem maus modos
mas não faz mal.
Bunda mulata, abundante
orgulho de qualquer amante.
Bunda incrível, mágica
irreal, cheia de arte,
que faz o velho sátiro
morrer de enfarte.
Bunda negra, negritude,
de ébano, dura,
natureza viva
sob a negra moldura.
Bunda, glútea redoma
que guarda todo o fogo
de Sodoma.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
A língua lambe
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Bacante I
.
Anibal Beça (1946-2009)
O mar lava a concha cava
e cava concha lava o mar
como a língua limpa lava
tua concha antes de amar.
Delírio da estrela-d’alva
mistério da preamar
vinda e volta abrindo a aldrava
da concha do paladar.
Oh minhas parcas de mel!
Eu me afogo em mar de vinho
à espera de algum batel.
Sou cantador de cordel:
estórias sabor marinho
bacantes da moscatel.
Anibal Beça (1946-2009)
O mar lava a concha cava
e cava concha lava o mar
como a língua limpa lava
tua concha antes de amar.
Delírio da estrela-d’alva
mistério da preamar
vinda e volta abrindo a aldrava
da concha do paladar.
Oh minhas parcas de mel!
Eu me afogo em mar de vinho
à espera de algum batel.
Sou cantador de cordel:
estórias sabor marinho
bacantes da moscatel.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
A embocadura
.
Giuseppe Belli (1791-1863)
Que esfregões, gemidos, desbaratos!
Que arremessos a seco, numa enfiada!
Todos no alvo, por Cristo, desde a entrada:
Ficam bufando os dois como dois gatos.
Olhos vidrados, pior que de insensatos:
Pelo com pelo, boca a boca atada,
E enfia e empurra e bate sem parada;
Vai e vem, põe e tira num só ato.
Descalabro se um pouco mais durasse!
Chegada a brincadeira ao seu final,
Ficamos feito pedras, inconscientes.
É muito bom foder! Mas o ideal
Seria nos tornarmos realmente
Gertrudes toda cona e eu todo pau.
(Trad. José Paulo Paes)
Giuseppe Belli (1791-1863)
Que esfregões, gemidos, desbaratos!
Que arremessos a seco, numa enfiada!
Todos no alvo, por Cristo, desde a entrada:
Ficam bufando os dois como dois gatos.
Olhos vidrados, pior que de insensatos:
Pelo com pelo, boca a boca atada,
E enfia e empurra e bate sem parada;
Vai e vem, põe e tira num só ato.
Descalabro se um pouco mais durasse!
Chegada a brincadeira ao seu final,
Ficamos feito pedras, inconscientes.
É muito bom foder! Mas o ideal
Seria nos tornarmos realmente
Gertrudes toda cona e eu todo pau.
(Trad. José Paulo Paes)
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