Amigos da Alcova

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Eu sinto que nasci para o pecado

Gilka Machado (1893-1980)

  

Eu sinto que nasci para o pecado,

se é pecado, na Terra, amar o Amor;

anseios me atravessam, lado a lado,

numa ternura que não posso expor.

 

Filha de um louco amor desventurado,

trago nas veias lírico fervor,

e se meus dias à abstinência hei dado,

amei como ninguém pode supor.

 

Fiz do silêncio meu constante brado,

e ao que quero costumo sempre opor

o que devo, no rumo que hei traçado.

 

Será maior meu gozo ou minha dor,

ante a alegria de não ter pecado

e a mágoa da renúncia deste amor?!…


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