Gregório de Matos (1633-1696)
MOTE
As excelências do cono
é ser bem grande, e papudo,
apertado, bordas grossas,
chupão, enxuto, e carnudo.
1
Com cachopinha de gosto
em cama de bom colchão,
nos peitinhos posta a mão,
e o pé no fincapé posto:
ajuntar rosto com rosto,
dormir um homem seu sono,
acordar, calcar-lhe o mono
já quase ao gorgolejar,
então é o ponderar
As
excelências do cono.
2
Eu na minha opinião,
segundo o meu parecer,
digo, que não há foder,
senão cono de enchemão:
porque um homem com Sezão,
inda sendo caralhudo,
meterá culhões, e tudo,
e assim mostra a experiência,
que do cono a excelência
É
ser bem grande, e papudo.
3
É também conveniente,
que não tenha o parrameiro
a nota de ser traseiro,
e que seja um tanto quente:
que às vezes mui facilmente
são tais as misérias nossas,
que havemos mister as moças
para regalo da pica
com cono de pouca crica,
Apertado,
bordas grossas.
4
Mas a maior regalia,
que no cono se há de achar,
para que possa levar
dos conos a primazia
(este ponto me esquecia)
para ser perfeito em tudo,
é nunca se achar barbudo,
por dar bom gosto ao foder,
como também deve ser
Chupão,
enxuto, e carnudo.