Marco Adolfs
...O deputado então fechou o punho; e, como um falo gigantesco e imperfeito, começou a meter-lhe vagina adentro. A princípio Loirinha soltou apenas uns gemidos; logo abafados pela outra mão do deputado. E o braço do homem, entrando todinho. Apenas lubrificado pelo suor. Uma dor dilacerante parecia irradiar-se por todo o seu corpo. Loirinha pensou que iria morrer com aquilo. O sangue começou a escorrer pelas paredes uterinas. Gemendo e tentando se desvencilhar, Loirinha desmaiou.
Quando acordou, estava em uma clínica médica desconhecida.
– Sua cavidade vaginal sofreu uma lesão, com rompimentos de vasos sanguíneos generalizados – disse-lhe o médico.
Loirinha ficou então internada o tempo necessário para a recuperação. Em sua cabeça nada parecia mais passar. No outro dia recebeu a visita do deputado acompanhado pelo seu secretário. Os dois a pressionarem para ela ficar calada sobre o acontecido; deram-lhe um pacote de dinheiro e disseram para voltar para o lugar de onde havia saído. Ao escutar aquilo, pensei, disse Loirinha “prostituta também carrega esses e outros traumas”. E tanto carregou esse que, depois, passou a andar com o maior cuidado por esses ambientes aparentemente idôneos dos poderosos. Andava também armada com um canivete. E quando algum palhaço ameaçava alguma tara esquisita, ela puxava o canivete com raiva e caía fora. Aprendeu. E se recuperou de tudo aquilo. Precisava sobreviver e continuar a sua vida.
Foi depois de uns três anos passados, desde esse acidente, que eu a conheci.
Loirinha era bonita, como eu já disse. Mas carregava um ar de tristeza no olhar. Às vezes até penso que as mulheres que sofrem muito, acabam desenvolvendo uma beleza triste e fugidia. Um olhar melancólico e de resignação que elas tentam disfarçar o quanto podem. Essas são as que mais precisam de amor. E ela sentiu um pouco disso, quando me conheceu. E, modéstia à parte, é claro, eu a fiz feliz enquanto pude.
(Continua na próxima semana...)