Chico Doido de Caicó (1922-1991)
Tô fudido
A onça virou jacaré
E botaram a culpa em mim
Tô fudido
O azul ficou vermelho
E botaram a culpa em mim
Tô fudido
O general deu a bunda
E botaram a culpa em mim
Tô fudido
Comeram a mulher do bispo
E botaram a culpa em mim
Tô fudido
Cristo não é mais Cristo
Poesia não é mais poesia
Caicó não é mais Caicó
E botaram a culpa em quem?
Em quem botaram a culpa?
No prefeito de Cruzeta
Que não gosta de buceta?
No delegado de Jardim
Que não gosta de jasmim?
Não não e não
A culpa botaram em mim
Um tal de Chico Doido
Doidão por um xibiu
Quente e aveludado
Com sabor de mel e romã
Quente e aconchegante
Com sabor de mel e manhã
Assim como o xibiu
Da puta Rosalva
A maior devoradora de picas
Que este Chico Doido
Já viu provou e gostou.
Tô fudido
Ou fudido não estou?