(Autor desconhecido)
Moça alegre, eu vivia,
uma virgem em flor,
toda gente me sorria,
me levava em andor.
– Ai, que dor,
ó tílias malfadadas,
à beira da senda alinhadas.
Ia passear no prado
e flores ajuntar,
chegou um rapaz malvado
pra me deflorar.
– Ai, que dor...
ó tílias malfadadas,
à beira da senda alinhadas.
Minha branca mão tomou
inocentemente,
ao verde prado me levou
maliciosamente.
– Ai, que dor!...
ó tílias malfadadas,
à beira da senda alinhadas.
A alva roupa segurou,
indecentemente,
pela mão me arrastou,
violentamente.
– Ai, que dor...
Disse: “Mulher, venha comigo,
na mata estamos seguros.”
– triste senda, te maldigo –
chorei nestes apuros.
– Ai, que dor...
“Existem ali tílias formosas
à beira das estradas,
minh’harpa e lira maviosas
ali estão guardadas.”
– Ai, que dor...
Quando nas tílias chegou,
disse: “Descansemos...”
– Vênus dele se apoderou –
“agora juntos brinquemos.”
– Ai, que dor...
Meu alvo corpo ele agarrou,
de medo estava louca,
“Faço-te mulher” falou
“doce é tua boca!”
– Ai, que dor...
Minha camisa ele arrancou,
fiquei toda despida,
em meu castelo penetrou
de espada erguida.
– Ai, que dor!...
Com a flecha fez pontaria
no alvo atirou!
comigo fez patifaria.
“O jogo acabou!”
– Ai, que dor...
(Trad. Maurice van Woensel)