Zemaria Pinto
Rita
Nunca
prestara atenção em Rita, até que viajamos juntos a um evento do banco, em
Recife. Estranhei logo no avião suas roupas despojadas, à moda hippie, que começava a seduzir os mais
jovens, com uma flor nos cabelos. No evento, ela vestia-se de modo
convencional, mas à noite, quando saíamos em grupo, ela se destacava exatamente
por quebrar as convenções. Na segunda noite, já havíamos feito uma combinação –
entre o meu parceiro de quarto e a parceira dela – de modo que ficamos juntos.
Ela acendeu um incenso e um baseado, dizendo que era para trazer bons fluidos a
nossa noite. A verdade é que nunca me dei bem nem com um nem com outro. Mas
Rita, do tipo mignon, mas cheia de
curvas e reentrâncias e toda durinha, valia a pena. Depois das preliminares –
mãos, dedos, bocas, línguas, dentes – penetrei-a, com suavidade. Embora
lubrificada, senti que sua reação foi de desconforto. Movimentei-me lentamente,
mas Rita parecia estar sob tortura, não era a mesma de alguns minutos antes.
Perguntei-lhe se havia algum problema. Vai, termina logo, foi o que ouvi como
resposta, o suficiente para sufocar meu tesão. Tentei conversar, ela se aninhou
em meus braços mas não disse palavra. Assim adormecemos. Pela manhã, fui
acordado com a língua de Rita lambendo meu rosto, meu pescoço, meus mamilos,
iniciando uma nova rodada de preliminares. Posso te pedir uma coisa? Põe na
minha bundinha. Com receio de causar-lhe novo desconforto, só a penetrei após
ter certeza de que ela estava bem lubrificada. O uivo que Rita emitiu foi
indescritível – e os gemidos e os vagidos e as palavras desconexas e os
orgasmos sucessivos, até a explosão final, quando gozamos juntos. Prolongamos
os dias do evento até o fim de semana e repetimos aquele ritual pagão tantas
vezes quanto nos foi possível. De volta para casa, tentei continuar me
encontrando com Rita, mas ela, enigmática, talvez citando algum filme antigo,
dizia-me apenas: sempre teremos Recife. Mas Recife jamais se repetiu.
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