Zemaria Pinto
Nana
Mais
velha que eu – ela dizia mais experiente –, Nana apareceu no banco pedindo-me
conselhos sobre aplicações financeiras. O marido pagava-lhe uma boa pensão,
depois de anos de justas legais, e ela mantinha um bom emprego como professora
universitária, em meio expediente, o que lhe sobrava tempo para atuar em
projetos especiais de secretarias de educação. As crianças estavam na faculdade
e ela, no ápice da beleza, esbanjava vitalidade e bom humor. Um comentário tolo
meu quase põe uma barreira entre nós: disse que não achava certo o sujeito ter que
pagar pensão para uma mulher independente e resolvida. Sem deixar de sorrir e
destilando fina ironia, ela justificou-se: seu marido cresceu profissionalmente
enquanto ela ficava em casa, cuidando das crias, procurando emprego quando já
passara dos 30 e as duas meninas já se viravam sozinhas; aquilo era uma
indenização pelo tempo perdido. Para me desculpar, convidei-a a um almoço. Não
tenho tempo, mas aceito um happy hour, locução que à época entrava na moda.
Nana era toda lúbrica. Com o físico de uma Vênus de Rubens, tinha um fôlego de
atleta e explorava com sabedoria o seu corpo maduro e belo. Não tinha pressa
para nada. Pedia para eu parar de mexer dentro dela, enquanto me comprimia,
contraindo os músculos, pélvicos ou glúteos, dependendo de onde eu estava.
Poucas vezes gozei com tanto furor quanto com Nana, que ainda tinha um algo
mais: ejaculava. Eu nunca vira nada igual: quando ela gozava, um jato aquoso e
transparente saía – pude ver depois – pela sua uretra. Era diferente de outras
que secretavam um creme branco, parecido com esperma, dentro da vagina. Já
naquela primeira noite eu percebera que o colchão estava molhado, depois de
dois ou três orgasmos de Nana. Pedi para ela gozar na minha boca e me afoguei
naquele jato quente, que não parecia nada além de água: nem cor, nem cheiro,
nem sabor. Nana disse-me, entre gargalhadas, que essa fora a desculpa para o
marido trocá-la por outra 20 anos mais jovem. Mas ficou um tanto triste ao
dizer que nenhum médico jamais soube explicar aquilo. Explicar para quê? Você é
diferente, apenas. Trepar com Nana era uma festa para os sentidos, com direito
a jatos de amor, como ela apropriadamente batizou o seu singular modo de
gozar.
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