Amigos da Alcova

domingo, 30 de novembro de 2014

Eu te saúdo, fenda de portentos


Pierre de Ronsard (1524-1585)


Eu te saúdo, fenda de portentos
A luzir entre dois flancos macios;
Saúdo-te, buraco de amavios,
Que dás ao meu viver contentamento.

Enfim me libertaste dos tormentos
Do alado arqueiro e dos meus desvarios;
Só quatro noites eu te possuí e o
Poder do arqueiro fez-se em mim mais lento.

Pequeno furo, furo arteiro, furo
Tão bem guardado em matagal obscuro,
Que ao mais rebelde domas com presteza:

Todo vero galã, para te honrar,
Devia de joelhos te adorar,
Firme empunhando a sua vela acesa!

(Trad. José Paulo Paes)


Voyeurs desde o Natal de 2009