Pierre de Ronsard (1524-1585)
Eu te saúdo, fenda de
portentos
A luzir entre dois
flancos macios;
Saúdo-te, buraco de
amavios,
Que dás ao meu viver
contentamento.
Enfim me libertaste dos
tormentos
Do alado arqueiro e dos
meus desvarios;
Só quatro noites eu te
possuí e o
Poder do arqueiro fez-se
em mim mais lento.
Pequeno furo, furo
arteiro, furo
Tão bem guardado em matagal
obscuro,
Que ao mais rebelde domas
com presteza:
Todo vero galã, para te
honrar,
Devia de joelhos te
adorar,
Firme empunhando a sua
vela acesa!
(Trad. José Paulo Paes)