Zemaria Pinto
Elza
Prima distante de
minha primeira mulher, Elza estava de passagem pela cidade. No jantar, regado a
vinho, seus pés procuraram os meus por baixo da mesa. Eram pequeninos, como ela
toda era pequenina, mas túmida onde tinha de ser: peitos, coxas, bunda. Pela madrugada,
todos dormindo um tanto bêbados, aproximei-me do sofá onde improvisamos uma
cama e deslizei a mão por seu corpo. Elza só reagiu quando, próximo à boceta,
intimidei-me; ela puxou minha mão para si e meus dedos sentiram a quentura e a
umidade de sua concha. No banheiro, trepamos em silêncio mas com um vigor como
há muito não me acontecia. No dia seguinte fomos a um hotel, onde a sessão
selvageria prosseguiu. Elza quase não falava, balbuciando baixinho frases
desconexas, até que entendi um “lambe o meu cu, meu amor, lambe o meu cu”. Era
uma experiência nova. Nunca me passara fazer aquela carícia. Coloquei-a de
bruços e satisfiz-lhe a vontade. Ela uivava de prazer, enquanto a minha língua
sôfrega ia e vinha pelo cuzinho, liso de pelos como as pedras no fundo de um
igarapé. No dia seguinte, quando cheguei para o almoço, soube de sua partida.
Nunca mais a encontrei, mas sua lembrança, ou melhor, a lembrança daquele rabo de
sonho, ainda hoje alegra minha solidão.
(Para ler outros contos desta série, clique em Lábios que beijei).