Amigos da Alcova

sábado, 10 de julho de 2010

As catedrais da paixão

João Sebastião

A vós dedico, Senhora
esta balada indecente
renovando com fervor
meu amor profano e crente!

Senhora de meus desejos,
esperai-me esta manhã
como em todas as manhãs
deste amor calmo e profundo;
desfeita a trava da porta,
pra que entre sem demora,
foda-se o mundo lá fora,
fodamos em nosso mundo!

Esperai-me sem calcinha
mas não de todo despida
conservando sobre o corpo
o transparente organdi,
pra que possa aos bocadinhos,
exercitando os sentidos,
descobrir os pentelinhos
que envolvem vossa boceta;

minha língua feita em vento
varrerá vosso grelinho
sorvendo cada momento
que passar dentro de vós;
quero sentir-vos pulsante
na febre que antecede
o amor que esculpiremos
com braços, pernas e dentes.

É vosso perfume feito
de florais do amormanhã,
colhidos junto à saliva
da madrugada furtiva;
em vosso hálito, a menta
cujo frescor natural
vai fazer gelar-me o pau
ao colocá-lo na boca.

Eu serei vosso corcel,
vós sereis égua ligeira
e num galope apressado
saltareis por sobre abismos
de incontidos orgasmos,
tornando grito em canção,
gemido em sinfonia,
silêncio em revolução!

Nas romãs de vossos peitos
germinam mamilos túmidos
sobre a pele de avelã,
onde tatuarei mordidas
que farão de mim lembrar-vos
até que se cumpra o ciclo
do próximo amorencontro
amanhã pela manhã.

E nesses seios tão doces,
fecho os olhos e me vejo
mamando jabuticabas
que no tempo de eu menino,
Rosa colhia pra mim;
hoje, sublime consolo,
amada senhora minha,
recolho-as em vosso colo.

São vossas coxas colunas
a sustentar imponentes
as catedrais que se erguem
a alguns suspiros do ventre;
místico som do silêncio,
vórtice louco e voraz:
de um lado gótica gruta
umedecida de mel,

cercada pela ravina
dos vossos pelos revoltos;
doutro, barrocas abóbadas
separadas mas unidas
pelo altar de vosso cu,
onde rezo com fervor,
querubim entronizado,
prostrado aos pés do Senhor!

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