Amigos da Alcova

domingo, 25 de abril de 2010

Soneto XIV

Bocage (1765-1805)




Bojudo fradalhão de larga venta,
Abismo imundo de tabaco esturro,
Doutor na asneira, na ciência burro,
Com barba hirsuta que no peito assenta:

No púlpito um domingo se apresenta;
Prega nas grades espantoso murro;
E acalmado do povo o grão sussurro
O dique das asneiras arrebenta.

Quatro putas mofavam de seus brados
Não querendo que gritasse contra as modas
Um pecador dos mais desaforados:

“Não (diz uma) tu, padre, não me engodas:
sempre me hás de lembrar por meus pecados
a noite em que me deste nove fodas!”

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