Amigos da Alcova

domingo, 10 de abril de 2011

platônica

Zemaria Pinto


ai, que já me arde a febre do desejo
volúpia de te ver, tocar, amavelmente
no ritual cotidiano das tardes mais banais

          como não sonhar com teu colo pálido
          e a sarda que se espalha
          pelo teu braço infinito?

          as minas de rosáceas do teu peito
          espalham nervos na sala entorpecida
          pela pressa de chegar de onde se vem

          sempre – cotidianamente
          a carne dos teus lábios
          roçagando minha barba por fazer

          a língua desfaz-se em fogo
          adivinhando tua língua de silêncios 
          meu coração delira preces pagãs

          a palavra – um convite? um carinho?
          desaba dentro de mim
          borboleta abatida a escopeta

          um helicóptero sobre minha cabeça
          cavalga walkírias & fúrias
          fim do expediente

(amor? amor um cacete
você não existe
o tesão não resiste

você não precisa saber
que a vida não vale nada
sem você!)

Voyeurs desde o Natal de 2009