Amigos da Alcova

terça-feira, 22 de março de 2011

A boca do meu homem

Angelica de Lis (1984-2009)


Amo cada parte do teu corpo.
Mas tua boca, meu amor, a tua boca
Priva-me dos sentidos no torpor da excitação.
Teus lábios quando tocam os meus...
Arde em mim o desejo de entregar-te
O meu corpo, como se fosse a primeira vez.

Tua voz sussurrando em meu ouvido
Palavras ternas, obscenas, sacanagens
Me conduzindo a momentos selvagens,
Me deixa hipnotizada, de vontade de te ter.
Te ouço chamar meu nome: eu me rendo,
Estou no teu enlace, sou tua, faz amor comigo, faz...

Teu hálito. Ah!, teu hálito, meu amor
Como é bom acordar com a brisa fresca
Que tua boca emana pela manhã
Esse cheiro de aurora, de despertar, de tesão,
Cheiro que perfuma meu corpo, meu dia
Minha vida. Não me canso de cheirar tua boca!

E a tua língua. Tua língua na minha face
Sôfrega, me lambendo, regando a minha pele
Com tua saliva doce, de lúpulo e hortelã.
Tua língua no meu sexo, me lavando e me levando
Ao delírio do prazer: eu grito eu gemo eu choro e gozo
Na tua boca – e sorves o meu mel, teu alimento.

Na tua boca, meu amor, eu me perco. Não quero
Nunca me encontrar, nem beijar outra boca
Que não seja a tua, onde no teu beijo eu sou feliz
E em cada palavra pronunciada, regada de tesão
Misturada ao teu hálito fresco, eu me dou sem medo
Pedindo mais e mais a tua língua dentro de mim.

Voyeurs desde o Natal de 2009