Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Ó tu,
sublime puta encanecida,
que me
negas favores dispensados
em rubros
tempos, quando nossa vida
eram vagina
e fálus entrançados,
agora que
estás velha e teus pecados
no rosto se
revelam, de saída,
agora te
recolhes aos selados
desertos da
virtude carcomida.
E eu queria
tão pouco desses peitos,
da garupa e
da bunda que sorria
em alva
aparição no canto escuro.
Queria teus
encantos já desfeitos
ressentir
ao império do mais puro
tesão, e da
mais breve fantasia.