Augusto
dos Anjos (1884-1914)
A um Monstro
Fome! E, na
ânsia voraz que, ávida, aumenta,
Receando
outras mandíbulas a esbanjem,
Os dentes
antropófagos que rangem,
Antes da
refeição sanguinolenta!
Amor! E a
satiríases sedenta,
Rugindo,
enquanto as almas se confrangem,
Todas as
danações sexuais que abrangem
A apolínica
besta famulenta!
Ambos assim,
tragando a ambiência vasta,
No
desembestamento que os arrasta,
Superexcitadíssimos,
os dois
Representam,
no ardor dos seus assomos,
A alegoria do
que outrora fomos
E a imagem
bronca do que inda hoje sois!